Negacionismo do governo no enfrentamento à covid-19 prejudica imagem do Brasil no exterior
Dawisson Lopes, professor do Departamento de Ciência Política e diretor-adjunto de Relações Internacionais da UFMG, falou sobre o tema à UFMG Educativa
As declarações e a conduta do presidente Jair Bolsonaro em relação à pandemia não têm sido bem vistas pelo mundo. Desde o início da crise sanitária, o presidente adotou discurso negacionista e postura não empática e também irresponsável em relação aos impactos da covid-19 no país. Para Bolsonaro, há um alarmismo sobre a pandemia, o coronavírus é apenas uma “gripezinha” e toda a preocupação da população e as medidas para conter o vírus não passam de "mimimi". Somam-se a isso a propaganda anti-vacina e a aposta em medicamentos sem eficácia comprovada para o tratamento da doença.
Recentemente, em um período em que o país bateu sucessivamente o recorde no número de mortes por dia, o presidente criticou também o uso de máscaras, medida com eficácia comprovada, defendida por especialistas de todo o mundo e reforçada pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Inclusive, na última sexta-feira, 5, o diretor geral da OMS, Tedros Adhanom, chegou a declarar que o Brasil precisa levar a sério a pandemia de covid-19.
Notícias como essa ocupam os noticiários internacionais, que se preocupam com o relacionamento com um país que não está tomando as medidas necessárias para conter o coronavírus. Mesmo diante de mais de 265 mil mortos e mais de 11 milhões de casos de covid-19, a conduta do governo pouco mudou.
Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta terça-feira, 9, o professor do Departamento de Ciência Política Dawisson Lopes, que é também diretor-adjunto de Relações Internacionais da UFMG, afirmou que a má imagem do Brasil no exterior, pelo péssimo enfrentamento à pandemia, não é uma questão subjetiva.
"O abalo da imagem do Brasil no exterior é algo fácil de aferir. Basta ler as manchetes dos jornais e acompanhar o noticiário da televisão para notar que o tom empregado para o Brasil é pejorativo e tem ressaltado a condição muito ruim da pandemia e até um traço meio pitoresco", afirmou.
Acerca da questão pitoresca, Dawisson Lopes exemplificou com a recente viagem de delegação do país a Israel. "Essa viagem em busca de um spray nasal que supostamente resolveria o problema foi retratada por vários veículos da imprensa internacional como uma busca por feijões mágicos", destacou.