Pesquisa realizada no Programa de Pós-graduação em Arqueologia da UFMG resgata a história da criança indígena Nimu Borum, encontrada durante uma escavação arqueológica em 2004, no sítio da Lapa do Caboclo, em Diamantina. A estrutura funerária, com sepultamento estimado entre 600 e 1300 anos atrás, integra o acervo do Museu de História Natural e Jardim Botânico (MHNJB) da UFMG.

O trabalho, de autoria da bioarqueóloga indígena Bibi Nhatarâmiak Borun-Kren (nome adotado pela pesquisadora Gabrielle Reis durante o processo de escrita da dissertação), apresenta análises das imagens dos ossos da criança, que foram enterrados pintados de vermelho e embrulhados em uma casca de árvore.

As imagens foram feitas por meio de fotogrametria (mais de 600 fotos de altíssima resolução feitas de diversos ângulos) e de tomografia – a primeira de uma estrutura funerária realizada no Hospital das Clínicas da UFMG –, que possibilitou analisar a mandíbula e a estrutura dentária da criança e revisar sua idade – inicialmente estimada em três anos – para dez anos. 

O estudo incorpora conhecimentos indígenas ancestrais e propõe nova abordagem para a bioarqueologia tradicional que, na avaliação da pesquisadora, “negligencia histórias das pessoas encontradas e as trata como meros objetos”. A autora destaca como um dos resultados do trabalho a proposta de que pesquisadores dessa área do conhecimento adotem um olhar que demonstre efetiva preocupação com as pessoas pesquisadas. Ela pretende dar continuidade às pesquisas com Nimu Borum no doutorado, sob nova perspectiva de análise. 

Saiba mais sobre o estudo no novo episódio do Aqui tem ciência:

Raio-x da pesquisa 
Título: Nimu Borum: Nan Brukuku Tchone
O que é: dissertação de mestrado que apresenta a análise de imagens de fotogrametria e tomografia da estrutura funerária da criança indígena Nimu Borum, encontrada durante escavação no sítio arqueológico da Lapa do Caboclo, em Diamantina, em 2004.
Programa: Arqueologia
Autora: Bibi Nhatarâmiak Borun-Kren
Orientadora: Mariana Petry Cabral

O episódio 180 do Aqui tem ciência tem produção de Bruno Pereira, edição e apresentação de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade.

O programa vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às sextas, às 20h, e pode ser ouvido também em plataformas de áudio como o Spotify e a Amazon Music.