Extensão

Observatório repercute implicações sociais do coronavírus

Iniciativa do Departamento de Sociologia visa gerar informações que poderão subsidiar a formulação e avaliação de políticas públicas

Idosos formam um dos grupos socialmente vulneráveis à pandemia
Idosos formam um dos grupos socialmente vulneráveis à pandemia Carol Morena / Faculdade de Medicina

A relação entre os contextos brasileiros de demografia, mercado de trabalho e conectividade da população e suas implicações mediante a crise provocada pela pandemia do coronavírus integram as discussões iniciais do Observatório Social da Covid-19, recém-criado pelo Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (Fafich).  

O núcleo tem o objetivo de produzir e divulgar informações sobre a situação social e econômica do país, a fim de fomentar decisões sobre implementação, acompanhamento e avaliação de políticas públicas, bem como a falta delas. “Nosso papel não é sugerir políticas, mas avaliar a realidade sobre a qual elas serão, ou não, aplicadas, e seus desdobramentos”, explica o professor Marden Barbosa de Campos, do Departamento de Sociologia.

O docente Jorge Alexandre Neves, do mesmo Departamento, também integra o Observatório, que, a princípio, conta ainda com alunos e ex-alunos da UFMG, além de dois pesquisadores vinculados à Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e ao Centro Universitário Joaquim Nabuco (Uninabuco), de Recife. “O grupo é interinstitucional e tende a crescer. As conversas com a Pró-reitoria de Extensão (Proex) já foram iniciadas visando à sua formalização como iniciativa de extensão”, observa Marden Campos.

Grupos vulneráveis
De acordo com o professor, as pesquisas inicialmente levadas a cabo pelo Observatório têm foco os grupos socialmente vulneráveis à pandemia do coronavírus, divididos nos seguintes eixos: população idosa, trabalhadores informais e população ‘desconectada’ (impossibilitada de trabalhar em regime de home-office).

Os primeiros dados compilados e divulgados pelos pesquisadores – que interagem remotamente usando tecnologias de comunicação – referem-se à população brasileira de idosos, com base no levantamento de 2015 da Pesquisa Anual por Amostragem de Domicílios do IBGE (Pnad).

Os  resultados das análises mostram que os idosos são muitos, e sua participação na população cresce a cada ano. "Havia 29 milhões de idosos no Brasil em 2015 – ou 14% da população total. Destes, 7,8 milhões ainda trabalhavam", relata Marden Campos. Segundo o levantamento, na época da pesquisa, 7,1 milhões de idosos moravam com outras três pessoas ou mais, de todas as faixas etárias – informação que, projetada no contexto atual, pode pressupor o agravamento da exposição dessa população ao vírus.

“O Observatório tem trabalhado arduamente para que a UFMG se posicione na linha de frente das discussões políticas e sociais sobre a crise, assim como já é referência nos campos da medicina e da epidemiologia”, comenta o professor Marden Campos.

Matheus Espíndola