[Opinião] UFMG: compromisso com a cidade e seu povo
Instituição, que comemora 97 anos de fundação, mantém vivos os propósitos de seus pioneiros, escreve reitora Sandra Goulart
Quando lançaram as bases da Conjuração Mineira, no fim do século 18, os inconfidentes acalentavam alguns sonhos: romper com Portugal e instaurar um regime republicano, acabar com o monopólio comercial português, livrar-se dos impostos escorchantes cobrados pela Coroa e fundar uma universidade em solo mineiro.
O último sonho ganhou materialidade em 7 de setembro de 1927, quando um grupo de intelectuais, comandado pelo professor Francisco Mendes Pimentel, criou a então Universidade de Minas Gerais (UMG) em Belo Horizonte, a nova capital do estado.
Em seu ato fundador, a UFMG materializou, de forma tardia, o sonho daqueles mineiros visionários e estabeleceu um compromisso inarredável da nova Universidade com seu estado e sua cidade. Qualquer projeto de nação soberana está condicionado à existência de universidades fortes, autônomas e geradoras de conhecimento de ponta, e nossos inconfidentes, atentos às experiências do mundo à época, tinham clareza dessa necessidade. O objetivo era promover a convergência e a justaposição de projetos simbióticos: de um Brasil livre, de um estado que se guia pelo conhecimento científico, de uma cidade acolhedora do saber e de uma universidade autônoma.
Mendes Pimentel, nosso primeiro reitor, concebia a educação como um vetor de transformação social. Em seu discurso de abertura dos cursos da UMG, proferido em 2 de abril de 1928, ele indicaria os rumos que a Instituição seguiu à risca: “Uma universidade, para que mereça o nome, tem de ser um centro de propagação da cultura, pela formação de indivíduos aptos para atividade material e mental no ambiente nacional. Mais: deve ser uma instituição nacional e, até certo ponto, local, para refletir as características do povo que a mantém e para atender às necessidades peculiares do meio em que trabalha.”
Hoje, celebramos não somente a história e a memória da Universidade, mas também o seu tempo presente, em que é reconhecida como uma das mais importantes instituições de ensino superior do país, que engrandece seu estado, sua cidade e o povo mineiro.
Ao completar 97 anos neste 7 de setembro de 2024, data que marca o início das comemorações do seu centenário, a UFMG segue comprometida com o projeto de um país equânime, democrático e justo e com uma cidade que reconhece a importância do conhecimento e da ciência. Hoje, celebramos não somente a história e a memória da Universidade, mas também o seu tempo presente, em que é reconhecida como uma das mais importantes instituições de ensino superior do país, que engrandece seu estado, sua cidade e o povo mineiro. Em relação ao futuro, a UFMG vislumbra a expansão da produção do conhecimento científico, tecnológico, artístico e cultural, a articulação com outros saberes e a contínua interação com a sociedade e com as cidades nas quais está firmemente inserida.
No momento em que os municípios se preparam para escolher seus novos prefeitos e representantes na Câmara dos Vereadores, reforçamos o compromisso com uma cidade sustentável e capaz de promover a harmonia entre os interesses econômicos, o respeito à educação e à ciência, o cuidado com as pessoas e os animais, os anseios de sua população e a defesa dos valores éticos que moldaram a história desta Instituição em seus quase cem anos de vida.
Sob a inspiração do seu lema fundador – Incipit vita nova (uma vida nova principia) –, a UFMG renova os compromissos firmados por seus pioneiros – e aqui incluímos os inconfidentes do século 18. Parafraseando a música, os inconfidentes e os fundadores, mesmo separados pelo tempo, sonharam um sonho juntos, e esse sonho virou realidade.