Institucional

Participação na consulta para escolha de gestores é forma de defender a Universidade

Integrantes da comunidade acadêmica consideram que engajamento maciço no processo eleitoral dá mais legitimidade à manifestação dos votantes

Prédio da Reitoria, no campus Pampulha
Prédio da Reitoria, no campus Pampulha: escolha para gestão 2022-2026Ewerton Martins Ribeiro | UFMG

A participação da comunidade acadêmica nas consultas que subsidiam a escolha de reitor e vice-reitor, na UFMG e em outras universidades, tem “valor absoluto e legitimador”, na visão da professora Ana Lúcia Gazzola, reitora na gestão 2002-2006. Ela afirma que participar é direito e dever de cada um dos membros da comunidade, uma vez que se trata de escolher os dirigentes e, portanto, influir das decisões que definem os rumos da instituição.

“O engajamento no processo de consulta é um exemplo de cidadania dado pela comunidade universitária, e nós devemos estar na vanguarda também nesse campo”, acrescenta Gazzola, que é vinculada à Faculdade Letras e professora emérita da UFMG.

Ana Lúcia Gazzola:
Ana Lúcia: opinião tem de ser expressa pelo votoArquivo Secretaria de Educação (MG)

A análise da ex-reitora é motivada pela proximidade da votação que vai subsidiar o Colégio Eleitoral para a formação da lista tríplice que será enviada à Presidência da República. Servidores docentes e técnico-administrativos e estudantes vão se manifestar nesta quinta-feira, 11 de novembro, por meio de sistema eletrônico de votação.

Ainda de acordo com Ana Lúcia Gazzola, um processo eleitoral com chapa única (Sandra Goulart Almeida e Alessandro Fernandes Moreira são candidatos a um segundo mandato) demanda também – ou até mais – uma participação consistente da comunidade. “A opinião sobre as propostas da chapa não pode ser tácita, tem que ser política, expressa no voto”, afirma.

Wellington Marçal:
Wellington: construção permanente da UFMGArquivo UFMG

Para o bibliotecário Wellington Marçal de Carvalho, a conjuntura atual desfavorável para as instituições de ensino e pesquisa e os graves impactos da pandemia de covid-19 ressaltam a relevância do forte envolvimento da comunidade na escolha dos gestores e na “construção permanente da Universidade”.

Servidor há 17 anos, Wellington conta que, nas consultas de que participou, sempre percebeu engajamento dos servidores técnico-administrativos, que encaminham aos candidatos pautas específicas e posições claras sobre questões de interesse geral. “Comparecer massivamente às urnas é mais uma possibilidade de demonstrar, intra e extramuros, o posicionamento maduro de todos os segmentos a respeito dos projetos apresentados”, salienta Wellington, que está lotado na Escola de Veterinária e integrou a Comissão Eleitoral em 2018.

Mônica Sette Lopes:
Mônica: desafios da pandemia permanecerãoFoca Lisboa | UFMG

‘Questões múltiplas e complexas’
A professora Mônica Sette Lopes, vice-diretora da Faculdade de Direito, defende que a consulta é sempre um evento muito significativo, porque implica participação democrática e debate sobre “entendimentos diversos acerca de questões múltiplas e complexas”.

Segundo ela, a UFMG tem papel importante quando se pensa nos desejos para o futuro no Brasil, e a participação da comunidade garante melhores condições para “enfrentarmos com firmeza questões como os cortes de recursos e cargos e os desafios criados pela crise sanitária, que permanecerão por longo tempo”.  

Carla Teixeira:
Carla: participação é condição para 'políticas contundentes'Arquivo pessoal

Doutoranda em História e coordenadora de comunicação da Associação de Pós-graduandos (APG) da UFMG, Carla Teixeira diz que a entidade está mobilizando os estudantes para o exercício do voto, que reforça a “defesa da universidade pública, gratuita e de qualidade”. Segundo ela, a presença de grande número de eleitores na urna virtual vai demonstrar a força da vontade da comunidade.

“Quanto mais expressiva a participação, mais contundentes serão as políticas implementadas nos próximos quatro anos e mais protegidos estarão a UFMG e sua comunidade. As universidades públicas devem estar fortes, especialmente em ano eleitoral”, diz a doutoranda, lembrando que duas das pautas mais caras aos estudantes de pós-graduação são a necessidade de políticas de apoio à permanência na Universidade e as questões relacionadas à saúde mental. 

Hugo Cerqueira:
Cerqueira: defesa do conhecimento e da liberdade de expressãoJúlia Duarte | UFMG

Coesão e estabilidade
A UFMG vem de um processo rápido e intenso de expansão, e o compromisso do governo federal com o financiamento dessa expansão foi quebrado. Além disso, a cultura, a ciência e a liberdade de expressão e cátedra vêm sofrendo ataques. Esses são dois aspectos da conjuntura que precisam ser considerados quando se fala de mais uma consulta à comunidade para escolha dos dirigentes máximos da instituição, salienta o professor Hugo Cerqueira, diretor da Faculdade de Ciências Econômicas (Face).

“As universidades resistem, e a UFMG tem demonstrado grande capacidade de coesão para fazer frente a esses problemas e ainda avançar”, afirma Cerqueira, dando como exemplo o esforço bem-sucedido para garantir o acesso de diferentes estratos da população aos cursos da Universidade e a farta produção de conhecimento, em todas as áreas, que contribuiu muito para fazer frente à pandemia. “É fundamental que a gente diga o que quer para o futuro da instituição e mostre à sociedade a coesão de nossa comunidade na defesa do conhecimento e da liberdade de expressão”, completa.

Mauricio Campomori, diretor da Escola de Arquitetura, destaca que a consulta à comunidade para escolha de reitor e vice-reitor – que existe desde 1986, quando Cid Velloso foi o mais votado e nomeado para o cargo máximo da gestão – é tradição tão intensa que está prevista no Regimento da UFMG.

Mauricio Campomori:
Campomori: consulta é tradição forteReprodução de tela: UFMG

Assim como Hugo Cerqueira, Campomori tem na ideia de coesão uma das chaves de sua visão da Universidade. “A UFMG está muito mobilizada em torno de sua estabilidade e coesão institucional, como mostram eleições recentes para diretores de unidades, vários deles reeleitos”, diz. “Por causa do momento político, a comunidade está especialmente ciosa da importância de sua estabilidade.”

Para o professor, a UFMG tem um “forte traço de institucionalidade”. “Seus regulamentos são bem estabelecidos e reconhecidos. A instituição se move sobre essa base, de forma coesa.”

Ana Lúcia Gazzola ressalta que a comunidade universitária sempre defendeu a transparência e a democracia participativa, e uma presença maciça na consulta do dia 11 será coerente com essa postura histórica. “A consulta é resultado de um movimento forte da UFMG e de outras instituições. Construímos esse modelo, foi uma conquista política. Há propostas de alternativas a ela no Congresso Nacional, e não podemos aceitar retrocessos. O engajamento no processo de votação é uma das formas de defender a Universidade”, afirma a professora emérita.

Votação on-line

A votação da consulta à comunidade sobre o futuro Reitorado será na próxima quinta, 11 de novembro, exclusivamente por meio de sistema eletrônico (saiba como votar). O pleito registrou a inscrição de apenas uma chapa, a UFMG Plural, formada pela professora Sandra Goulart Almeida (candidata a reitora) e pelo professor Alessandro Moreira (candidato a vice-reitor), que ocupam hoje os cargos máximos de gestão da UFMG.

Estão aptos a votar mais de 50 mil membros da comunidade acadêmica, entre servidores docentes, técnico-administrativos, discentes de graduação, de pós-graduação, de residência médica e da educação básica, com mais de 16 anos.

Outras informações sobre o processo estão na página da consulta, e as propostas da chapa UFMG Plural estão em seu site oficial.