Pesquisa indica que 93% dos usuários de ônibus em BH enfrentaram lotação durante pandemia
Luciana Araujo, integrante da Assessoria Jurídica Universitária Popular da Faculdade de Direito da UFMG, falou sobre o estudo, em entrevista à UFMG Educativa
Durante a pandemia de covid-19, quando a recomendação geral é de que se evitem aglomerações, a maioria dos usuários de ônibus de Belo Horizonte precisou se deslocar em veículos lotados e, desse modo, colocar a própria saúde em risco. Essa é a conclusão de uma pesquisa realizada pelo movimento Tarifa Zero BH e pela Assessoria Jurídica Universitária Popular da Faculdade de Direito da UFMG (Ajup).
A pesquisa Perrengues do Busão na Pandemia buscou medir o nível de satisfação das pessoas que andaram de ônibus durante a pandemia na capital mineira. Os dados foram colhidos por meio de um formulário on-line que ficou disponível de 20 de julho a 8 de agosto. Ao todo, foram respondidos 519 questionários, sendo que 432 dos respondentes disseram ter utilizado ônibus durante a pandemia. Desses, 93% disseram que usaram veículos lotados durante esse período. Do total de entrevistados, 55% relataram que os veículos estavam sempre lotados, enquanto 38% responderam que isso ocorreu algumas vezes.
O principal motivo relatado pelos usuários para utilização desse meio de transporte foi o deslocamento até o trabalho, sendo esse motivo citado por 75% das pessoas. Em relação à gestão do serviço público de ônibus da capital mineira durante a pandemia, 85% dos participantes da pesquisa avaliaram como ruim ou péssima.
Outros problemas frequentes também foram relatados, como as longas esperas nos pontos de ônibus. De acordo com os dados levantados, 24% dos usuários de ônibus na cidade disseram que os horários de partida das linhas nunca eram respeitados, enquanto 56% relataram que esse problema ocorria algumas vezes. Além disso, segundo 91% dos passageiros, a espera no ponto de ônibus durava mais de 30 minutos. No dia 7 de julho, um decreto da prefeitura de Belo Horizonte definiu que, durante o enfrentamento da pandemia, os intervalos entre as viagens de ônibus deveriam ser de até 60 minutos.
Os usuários também destacaram a falta de álcool em gel dentro dos veículos. De acordo com a pesquisa, 49% disseram que apenas às vezes o álcool em gel era disponibilizado dentro dos veículos, enquanto 31% relataram nunca ter visto esse produto nos ônibus. O decreto publicado em maio pela prefeitura de BH também determina que equipamentos com álcool em gel sejam disponibilizados e reabastecidos em todos os veículos, com sinalização visual adequada do local de instalação de cada equipamento.
Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta sexta-feira, 25, a integrante da Ajup-UFMG Luciana Araujo detalhou processos e resultados desse estudo.