Pesquisa mostra como a arte incorpora os arquivos em suas poéticas
Renata Alencar, que defendeu tese na Belas Artes, analisou 13 obras que estabelecem diferentes relações com a memória
Em tempos de excesso de informação e de estímulos, um grande risco é o do esquecimento. E as sociedades, premidas pela necessidade de reter dados e experiências, refinam métodos arquivísticos. Esse fenômeno não passa despercebido pela arte, que incorpora o arquivo em suas poéticas para tensioná-lo, desestabilizá-lo, subvertê-lo.
“A arte é uma sinalizadora potente, ela se ocupa de tudo que nos põe em perigo. Ao problematizar o movimento entre lembrar e esquecer, ela promove resistência ao esquecimento”, afirma Renata Alencar, que investigou o assunto em seu trabalho de doutorado no Programa de Pós-graduação em Artes da UFMG.
Renata analisou 13 obras que estabelecem diferentes relações com o arquivo e com a memória, ancoradas em dimensões como a rigidez de acervos institucionais, classificação, lugar, coleções particulares, digitalização, além da apropriação, por parte da obra, do processo de sua própria criação. Ela se inspirou no programa epistemológico de Walter Benjamin, cuja metodologia propõe a abordagem dos objetos de análise em “constelações”. E identificou seis “movimentos constelares” que revelam as “vizinhanças”, ou seja, as paisagens conceituais habitadas pelas obras.
O trabalho de Renata Alencar é tema de reportagem da edição 2.058 do Boletim UFMG.