Pesquisa faz sequenciamento inédito do genoma do cavalo nordestino
Raça é reconhecida por sua multifuncionalidade; tese defendida na Escola de Veterinária é tema do 'Aqui tem ciência', da Rádio UFMG Educativa
Uma tese de doutorado defendida no Programa de Pós-graduação em Zootecnia da Escola de Veterinária da UFMG sequenciou o genoma do cavalo nordestino. É o primeiro trabalho de estudo de genoma completo de uma raça naturalizada brasileira, o que pode contribuir para sua conservação e melhoramento genético.
Originária de raças europeias ibéricas introduzidas no Brasil no período colonial, a raça sofreu pressões seletivas e reúne características exclusivas, adaptadas às condições inóspitas do semiárido da região Nordeste do Brasil. O cavalo nordestino é reconhecido pela sua multifuncionalidade.
Em seu trabalho de doutorado, Danielle Cunha Cardoso usou uma tecnologia chamada de variantes genômicas. Em linhas gerais, é como se a pesquisadora tivesse comparado o genoma do cavalo nordestino com o de outras raças que já têm esse material disponibilizado. Ao fazer esse cotejamento, a bióloga buscou diferenças que pudessem explicar as adaptações do cavalo nordestino ao longo do tempo.
Um conjunto de variações chamou a atenção da pesquisadora: aquelas que estavam em genes da família dos receptores olfativos. "É a família clássica que a gente estuda quando quer verificar, por exemplo, a adaptação dos mamíferos. Esses genes ficam no epitélio nasal e são responsáveis pelo cheiro, sentido que garante o reconhecimento do meio, da prole e dos parceiros sexuais, assegurando a perpetuação da espécie", explica Danielle.
Saiba mais sobre a pesquisa da bióloga Danielle Cardoso no novo episódio do programa Aqui tem ciência, da Rádio UFMG Educativa.
Raio-x da pesquisa
Tese: Sequenciamento de genoma completo do cavalo nordestino para identificação de variantes genômicas (Snvs e Indels) e validação em populações remanescentes
O que é: sequenciamento completo do genoma do cavalo nordestino, raça que reúne patrimônio genético de grande valor por exibir características adaptativas exclusivas para sobrevivência no semiárido do nordeste brasileiro.
Pesquisadora: Danielle Cunha Cardoso
Programa: Pós-graduação em Zootecnia da Escola de Veterinária
Orientadora: professora Denise Aparecida Andrade de Oliveira
Ano da defesa: 2020
Financiamento: Capes
O episódio 53 do programa Aqui tem ciência é apresentado por Alicianne Gonçalves, responsável também pela produção e edição. Os trabalhos técnicos são de Breno Rodrigues.
O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados do trabalho de um pesquisador da Universidade.
O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast como o Spotify e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.