Parlamentares mineiros que visitaram hoje (sexta, 21) o Centro de Tecnologia em Vacinas (CTVacinas) da UFMG manifestaram satisfação com a notícia de que a vacina Spintec, desenvolvida pela Universidade e pela Fiocruz, pode ser mais eficiente contra o novo coronavírus e suas variantes.

A deputada Beatriz Cerqueira (PT) e os deputados Bartô (Novo) e Coronel Henrique (PSL), membros da Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG), e o deputado federal Rogerio Correia (PT-MG) ouviram explanações dos professores Ricardo Tostes Gazzinelli e Flávio da Fonseca. Eles também visitaram os laboratórios onde o imunizante é desenvolvido.

De acordo com Gazzinelli, que coordena o CTVacinas, a vacina apresentou resultados muito animadores em animais, mostrando-se muito eficiente em estimular o sistema imunológico, incluindo níveis altos de anticorpos e de resposta de linfócitos T. Ela seria mais eficiente contra as variantes da Covid-19 que as vacinas atuais, porque usa proteína recombinante. “A proteína N não é tão exposta, por isso não é tão sujeita às mutações”, explicou Gazzinelli. 

Ele contou aos parlamentares que a UFMG está em busca de recursos para a produção do lote-piloto e a realização dos testes de segurança. “Então, vamos submeter a vacina à Anvisa e, em dezembro deste ano, deveremos iniciar a Fase 1 de testes em humanos”, afirmou o professor do Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.

Cadeia 100% nacional
Ricardo Gazzinelli ressaltou que o país gasta anualmente dezenas de bilhões de reais com transferência de tecnologia, e é fundamental pensar em investimentos a médio e longo prazo para construir uma cadeia de produção 100% brasileira, que não dependa de insumos estrangeiros, a fim de garantir a soberania nacional no combate a pandemias e epidemias. 

“Agradecemos o apoio dos deputados neste momento crítico. Isso vai possibilitar que nossos projetos avancem, pensando não apenas na resolução da calamidade pública que enfrentamos, mas também no plano estratégico de termos no estado um centro de tecnologia de vacinas que pode mudar o panorama da biotecnologia no país”, disse o pesquisador. “Precisamos estar preparados para enfrentar novas crises e combater doenças negligenciadas pela indústria, mas que continuam a ser grande problema para o Brasil, como a dengue e a malária”, explicou.

A professora Santuza Teixeira, vice-coordenadora do CTVacinas, também destacou a importância da parceria com a Assembleia. "Os sinais nos últimos anos têm sido de desinteresse pela ciência no estado, e um exemplo foi a significativa redução do orçamento da Fapemig. Por isso, temos que comemorar as ações mais recentes, tanto dos deputados quanto do governo de Minas.  

Em abril deste ano, o presidente da ALMG, deputado Agostinho Patrus (PV), se comprometeu a incluir, por meio de uma emenda ao Projeto de Lei (PL) 2.508/21, do governador Romeu Zema,a destinação de R$ 30 milhões para as fases 1 e 2 dos testes da Spintec. O projeto autoriza a utilização de recursos oriundos de acordo judicial firmado com a Vale para a reparação de danos causados pelo rompimento da barragem da mineradora em Brumadinho, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que matou 272 pessoas em janeiro de 2019.

Voto de congratulações
Durante a visita desta sexta (21), a presidenta da comissão e autora do requerimento, deputada Beatriz Cerqueira, entregou voto de congratulações aos pesquisadores, por suas contribuições a Minas Gerais em pesquisa e desenvolvimento científico. De acordo com a parlamentar, o objetivo da visita foi apresentar o trabalho da UFMG à sociedade. “Queremos que a ALMG contribua para a produção da vacina mineira contra a covid-19 e para a criação de um centro nacional de vacinas e de monitoramento de pandemias em BH”, afirmou Beatriz, lembrando que também no CTVacinas foi desenvolvido o método do teste molecular do PCR, muito utilizado em todo o país.

O deputado Coronel Henrique destacou que na UFMG já foram desenvolvidas vacinas inovadoras, como a Leishtec (vacina contra a leishmaniose), o que mostra o papel importante da universidade na Pesquisa e Desenvolvimento. “Atualmente o Brasil já tem autonomia para o desenvolvimento de vacinas veterinárias. Precisamos fortalecer a produção inicial dessa vacina e lutar por cooperação que leve à produção maior de outras vacinas para seres humanos.”