Pesquisadores da área de economia política temem pelo futuro da democracia
A Sociedade Brasileira de Economia Política (SEP) vem, por meio desta nota, estranhar e repudiar com indignação a condução coercitiva do Reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Jaime Ramírez, da vice-reitora, Sandra Goulart, e de outras autoridades da atual gestão e de gestões anteriores. Conforme divulgado pela imprensa, o processo objeto da ação policial na UFMG se refere à construção do Memorial da Anistia, que foi aprovada em 2009, em momento, portanto anterior à administração atual.
Quanto às contas anteriores, foram todas aprovadas, razão pela qual cabe, no mínimo, o nosso estranhamento. Quanto ao repúdio, ele se impõe frente à arbitrariedade de um procedimento de condução coercitiva espetaculoso, não precedido pelo devido chamamento para prestação de esclarecimentos e sem que os advogados tivessem tido acesso ao processo.
Não é demais lembrar o imensamente triste e lamentável fato da morte recente do ex-reitor da Universidade Federal de Santa Catarina, provocado por constrangimento semelhante. Procedimentos como esse nos fazem temer não apenas por nossas universidades públicas, mas sobretudo pela democracia em nosso país, visivelmente restringida nos períodos atuais pós-golpe. Que a nossa indignação alerte a sociedade quanto aos riscos a que estamos expostos.
Niterói, 7 de dezembro de 2017