Pessoas em situação de rua buscam serviços de saúde apenas em casos de emergência
Pesquisa da Escola de Enfermagem revela que, em Belo Horizonte, a maior parte dessa população não faz acompanhamento regular
Em Belo Horizonte, 39,7% das pessoas em situação de rua relatam estar em bom estado de saúde, enquanto 39,3% afirmam conviver com alguma doença física e 30% enfrentam problemas de saúde mental. Esses dados fazem parte de pesquisa realizada por Thiago Gomes Gontijo, da Escola de Enfermagem, que analisou fatores sociodemográficos, econômicos e utilização de serviços de saúde por essa população. O estudo resultou no artigo População em situação de rua: fatores para utilização dos serviços de saúde, publicado no periódico Acta Paul Enferm.
Agravamento
Para a pesquisa, Gontijo entrevistou 390 pessoas em situação de rua. Segundo o autor, a maior parte dessa população procura os serviços de saúde devido ao agravamento de doenças ou comorbidades que dificultam a vivência nas ruas, e não para acompanhamento regular. “Entretanto, é possível identificar uma transição na busca dessas pessoas por assistência na Atenção Primária à Saúde, que pode oferecer ações de promoção da saúde, prevenção de doenças, tratamento, reabilitação e redução de danos, articulando-se com diferentes setores da rede para integrar o cuidado”, relata.
A procura por serviços de saúde nos 30 dias que antecederam a entrevista foi reportada por 60% dos participantes, acometidos por doenças, acidentes ou lesões. “O conhecimento dos fatores associados à utilização dos serviços de saúde pela população em situação de rua pode subsidiar reflexões entre os profissionais de saúde e de outras áreas, propiciando ações que extrapolam a saúde, favorecendo a intersetorialidade, o cuidado integral e o engajamento do público em atividades que contribuem para a formação de sujeitos sociais”, observa Thiago Gontijo.
A matéria completa pode ser lida no portal da Escola de Enfermagem.