Preocupação com a estética afasta meninas das aulas de educação física
'Fenômeno arquibancada' é analisado em dissertação abordada no episódio do programa 'Aqui tem ciência', que encerra série dedicada ao mês da mulher
Questões pedagógicas, estruturais e comportamentais influenciam meninas adolescentes na decisão de ir para a arquibancada e apenas observar as aulas de educação física. Foi o que constatou a educadora física Carolina Mezzetti de Freitas Rochael em sua dissertação, defendida em 2020, no mestrado profissional em Educação Física da UFMG.
O trabalho é tema do novo episódio do programa Aqui tem ciência, da Rádio UFMG Educativa, em mais um especial do Mês das Mulheres. Ao longo do mês de março, o programa focalizou pesquisas feitas na UFMG por mulheres e sobre mulheres.
O trabalho, orientado pelo professor Gustavo Pereira Côrtes, foi realizado com adolescentes de três turmas do ensino médio de uma escola da rede estadual de Minas Gerais. A pesquisadora observou o comportamento das meninas durante 30 aulas no ano de 2019.
"A gente tinha uma média de aproximadamente 50% das meninas na arquibancada. Não quer dizer que não existiam meninos, mas o número de meninas era maior. E 50% é um percentual muito alto", observa a pesquisadora.
Entrevistas
Carolina Mezzetti Rochael também realizou entrevistas com algumas das adolescentes para entender as razões que as levaram a não participar das aulas. As alunas destacaram a importância de os professores da área serem mais comunicativos e de as aulas terem variedade de conteúdo, por exemplo. Sobre a estrutura da escola, as adolescentes criticaram o fato de haver quadras descobertas, expostas ao sol, e de faltar estrutura aos banheiros para a higiene após as atividades físicas.
Questões comportamentais também foram destacadas pelas participantes. As adolescentes citaram o medo de ser alvos de xingamentos e até de violência física e o receio de errar os exercícios propostos. A vergonha do próprio corpo também foi outro ponto muito citado pelas alunas. "Elas têm vergonha de realizar movimentos normais, como agachar e correr, porque é imposto aos corpos femininos que esses movimentos tenham um cunho sexual", relata Carolina Mezzetti.
Saiba mais sobre a pesquisa da educadora física no novo episódio do programa Aqui tem ciência, o último da série especial dedicada ao Mês das Mulheres na Rádio UFMG Educativa.
Raio-x da pesquisa
Dissertação: O fenômeno arquibancada: análise do afastamento das meninas nas aulas de educação física do ensino médio em uma escola na rede estadual de Minas Gerais
O que é: estudo que investiga as razões pelas quais as adolescentes decidem não participar das aulas de Educação Física
Pesquisadora: Carolina Mezzetti de Freitas Rochael
Programa de Pós-graduação: mestrado profissional em Educação Física
Orientador: Gustavo Pereira Côrtes
Ano da defesa: 2020
Leia a tese, na íntegra.
O episódio 60 do programa Aqui tem ciência tem produção de Paula Alkmim, apresentação e edição de Alicianne Gonçalves e trabalhos técnicos de Breno Rodrigues.
O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da Universidade e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa da Universidade.
O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência na 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.