Presença de contaminantes fecais no Lago de Furnas pode estar acima do permitido
Reportagem da Rádio UFMG Educativa mostra resultados de estudo desenvolvido no Programa de Pós-graduação em Geografia
Atividades humanas como a agricultura, a pecuária e o lançamento do esgoto in natura podem ter afetado a qualidade da água do Lago de Furnas, alterando as concentrações da bactéria E. coli, que indica contaminação fecal. Isso compromete a balneabilidade do lago, isto é, a possibilidade de usos recreativos do reservatório, como a natação, já que o nível elevado de contaminantes pode causar danos à saúde humana. É o que revela a dissertação de mestrado de Andrea Leite, defendida no Programa de Pós-graduação em Geografia da UFMG.
A autora do trabalho, que estuda o tema da balneabilidade desde a iniciação científica, constatou, por exemplo, que quatro estações monitoradas pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), localizadas em cursos d'água que alimentam Furnas – Rio Formiga, Ribeirão São Pedro, Rio Machado e Rio Muzambinho – excederam o limite estabelecido pela legislação para a contaminação de E. coli em 100% das amostras.
Para chegar a essa conclusão, Andrea analisou dados oficiais de monitoramento das águas em Minas Gerais relativos às bacias que alimentam o Lago de Furnas. Os parâmetros de turbidez, pH e densidade de cianobactérias encontrados pela pesquisadora não chegam a preocupar tanto quanto os níveis de E. coli, mas, mesmo assim, podem acionar o alerta sobre o impacto das ações humanas na qualidade da água. A estação que apresenta mais inconformidade em relação aos índices de turbidez é a do Rio Muzambinho; essa é a bacia com a maior ocupação por pastagem: quase 65% da área total.
Localizado no Sul de Minas, o Lago de Furnas é um dos maiores reservatórios artificiais do Brasil para a geração de energia e também um polo turístico importante para a região, que atrai também pessoas de fora do estado. O estudo sugere que é preciso implementar um programa de monitoramento das condições de balneabilidade do lago e estabelecer uma articulação mais eficaz entre os municípios com bacias que contribuem para o reservatório em relação à gestão dos recursos hídricos e planejamento urbano.
Durante a pesquisa, Andrea Leite enfrentou dois desafios: a empresa que gerencia o Lago de Furnas não forneceu dados, e a pandemia comprometeu seu planejamento de trabalho de campo. Saiba mais no novo episódio do Aqui tem ciência, da Rádio UFMG Educativa.
Raio-x da pesquisa
Dissertação: Qualidade da água e uso e cobertura do solo em bacias contribuintes do Lago de Furnas (MG): implicações na balneabilidade
O que é: Estudo que avaliou as implicações dos diversos tipos de uso e cobertura do solo para os níveis de balneabilidade do Lago de Furnas, que cumpre papel importante para a geração de energia no país e para a economia regional
Pesquisadora: Andrea Cristine Coelho Leite
Orientador: Roberto Célio Valadão
Programa de pós-graduação: Geografia
Ano da defesa: 2020
Financiamento: Capes
O episódio 82 do programa Aqui tem ciência, apresentado por Beatriz Kalil, foi produzido por Paula Alkmim e contou com trabalhos técnicos de Breno Rodrigues.
O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos da UFMG e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da emissora apresenta os resultados de um trabalho de pesquisa da Universidade.
O Aqui tem ciência fica disponível em aplicativos de podcast, como o Spotify, e vai ao ar na frequência 104,5 FM, às segundas, às 11h, com reprises às quartas, às 14h30, e às sextas, às 20h.