Professor da Comunicação fala no Chile sobre relação entre tipografia e leitura
Conferência fecha hoje seminário de rede latino-americana dedicada à cultura gráfica
O professor Bruno Martins, do Departamento de Comunicação Social, faz ainda nesta tarde, na Universidade de Chile, palestra com o tema A mecânica da autonomia: do tipógrafo-editor ao leitor-tipógrafo, em que abordará, entre outros aspectos as relações entre materialidade tipográfica e autonomia de leitura.
A exposição do professor da Fafich encerra o evento Rastros lectores: seminário interdisciplinario sobre el libro en América Latina, organizado pela Red Latinoamericana de Cultura Gráfica (RED-CG), em colaboração com o Archivo Central Andrés Bello da Universidad de Chile. Participam representantes de México, Argentina, Uruguai, Peru, Chile e Colombia, além do Brasil.
A RED-CG é coordenada pela professora Ana Utsch, da Escola de Belas Artes da UFMG, juntamente com Marina Garone, da Universidad Nacional Autónoma do México (Unam). Nesta quinta, 26 de abril, Ana Utsch vai ministrar o minicurso Encadernação e edição: funções, técnicas e estilos (séc. XIX).
Além de palestras e mesas-redondas, os pesquisadores fizeram a segunda reunião de trabalho da Rede Cultura Gráfica, que já conta com mais de 100 membros, de 10 países latino-americanos. O grupo está prestes a concluir a primeira atividade realizada em colaboração no âmbito da rede: uma bibliografia latino-americana sobre cultura gráfica, história do livro e edição.
Abordagem
Membro do Ex-press, grupo de pesquisa em Historicidades das Formas Comunicacionais, Bruno Martins vai abordar, no âmbito da história dos meios de comunicação no Brasil, os aspectos da história gráfica e editorial e sua relação com articulação de discursos literários e práticas de leitura. “Ao observarmos o momento de consolidação de uma cultura dos impressos no Brasil, em meados do século 19, buscamos compreender reflexos entre autonomia editorial e práticas de leitura. Compreendemos que uma recepção autônoma depende a priori da consciência dos processos de significação e manipulação de relações entre forma e significado”, explica o pesquisador.
O objetivo é demonstrar, diz Bruno, como alguns gestos editoriais explicitaram as relações entre materialidade tipográfica e construção de sentido e apontam os caminhos para uma leitura autônoma. Na tentativa de compreender a mecânica desse fenômeno, o professor analisou algumas publicações do “tipógrafo-editor” Francisco de Paula Brito (1809-1861), nos quais é possível visualizar a autonomia das ações editoriais espelhadas na recepção dos leitores. “Partimos da hipótese de que, em um sistema de comunicação impressa, qualquer aspecto do que se compreenda como autonomia do editor depende de sua projeção e espelhamento nos leitores, sendo, assim, socialmente compartilhada e constituída.”
Bruno Martins vai promover, ainda durante o evento no Chile, o pré-lançamento de seu livro Corpo sem cabeça: o editor Francisco de Paula Brito, o impresso e o literário no Brasil (1831-1861), da Editora UFMG.