Professor do DCC questiona a segurança da urna eletrônica brasileira
No livro ‘O mito da urna: desvendando a (in)segurança da urna eletrônica’, pesquisador aborda a fragilidade do sistema de votação brasileiro
A ideia de que o sistema de votação eletrônica brasileiro deveria ser um exemplo a ser adotado por outros países não poderia estar mais equivocada, de acordo com o professor Jeroen van de Graaf, do Departamento de Ciência da Computação da UFMG. O acadêmico defende esse argumento no livro recém-lançado O mito da urna: desvendando a (in)segurança da urna eletrônica.
Van de Graaf faz pesquisa em criptografia há cerca de três décadas e estuda sistemas de votação há mais de 15 anos. Para ele, o nosso sistema atual não garante o sigilo do voto e, ao mesmo tempo, não é transparente o suficiente para receber possíveis contestações.
Um dos problemas do sistema, segundo Jeroen van de Graaf, começa já no registro do eleitor, uma vez que o sistema onde o mesário libera a urna para o voto está diretamente conectado à urna, tornando possível identificar em quem cada eleitor votou.
“Nenhum sistema no mundo tem essa propriedade. Normalmente, ao redor do mundo, o eleito se identifica, e depois tem acesso ao sistema de forma anônima, sem que seja possível fazer uma ligação direta entre quem se autenticou e quem está votando. Isso já é um pecado mortal desse sistema”, criticou van de Graaf, nesta quarta-feira, 14, em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa.
Outro problema, para van de Graaf, é a inexistência da comprovação física da escolha do eleitor. “Antigamente, com a comprovação física da intenção do eleitor (o voto em papel), era possível fazer a recontagem do voto. Hoje, como todo o processo é digital, o resultado pode ser alterado diretamente no sistema e não se tem prova do voto”, afirmou.
O livro está disponível em formato digital no site do DCC. Outras informações sobre o sistema brasileiro de votação podem ser consultadas na página do projeto no Facebook.