Saúde

Professoras da Enfermagem lançam guia para organização e fluxos nas unidades de saúde

Conteúdo auxilia profissionais a tomar decisões eficientes ao lidar com a Covid-19

Guia aborda cuidados com portas de entrada, consultas, salas de vacinação, entre outros
Unidade de saúde em Itapetinga, na Bahia: guia aborda cuidados com portas de entrada, consultas, salas de vacinação, entre outros ambientesPrefeitura de Itapetininga

Professoras da Escola de Enfermagem da UFMG elaboraram o Guia de orientações para organização e fluxo nas Unidades Básicas de Saúde em tempo de coronavírus, com o objetivo de apresentar medidas de organização, prevenção e controle e auxiliar gestores e profissionais a fazer escolhas eficientes ao lidar com o Covid-19. As orientações, organizadas pelas professoras Alexandra Moreira, Giselle Freitas, Lívia Montenegro e Sheila Aparecida, do Departamento de Enfermagem Materno-Infantil e Saúde Pública, apresentam parâmetros de ações tendo em vista o comportamento de um novo agente patogênico.

As orientações começam logo na porta de entrada das unidades de saúde. Com o propósito de diminuir o número de pessoas circulando no local, é necessário fazer uma triagem dos sintomas e organizar filas por demandas. Além disso, é fundamental priorizar o atendimento aos idosos, seguido de pessoas com doenças crônicas, gestantes e puérperas. “Todos os usuários em espera de atendimento com queixa clínica de coronavírus precisam usar máscara no rosto ou manter um lenço de papel como barreira ao tossir e espirrar”, orientam as professoras no Guia.

A avaliação do paciente é realizada pela equipe de enfermagem, com a colaboração de técnicos sob a supervisão de enfermeiras, que observam se a pessoa apresenta sintomas respiratórios graves ou outros sinais de condições agudas para tomar a melhor decisão. Caso percebam sinais de condições agudas, a equipe de enfermagem deve manter um monitoramento de saturação, deixar o usuário próximo de um balão de oxigênio e acionar o médico imediatamente. Por fim, é preciso notificar a ocorrência via formulário pelo FormSUS2.

Consulta de enfermagem
Em casos leves, sem condição de complicações, os enfermeiros são orientados a realizar a educação comportamental do paciente, apresentar a etiqueta respiratória e orientar o isolamento domiciliar. Segundo as professoras, nesses casos não são realizados testes laboratoriais, e, sim, recomendados medicamentos e cuidados para síndromes gripais. “O isolamento domiciliar deve ser realizado por 14 dias desde a data do início dos sintomas, e é imprescindível que os enfermos utilizem a máscara durante todo o tempo. Além disso, é preciso conhecer quem são os membros da família e orientar sobre os modos de isolamento.

Já nos casos que apresentem condições de complicações da Covid-19, é importante estar atento aos sinais e sintomas de gravidade. O déficit pode ocorrer no sistema respiratório, caracterizado pela falta de ar, dificuldade para respirar e ronco, no sistema cardiovascular, onde há sinais de hipotensão arterial e diminuição do pulso periférico, e pode apresentar sintomas de alerta adicionais, como piora nas condições clínicas de doenças de base, alteração do estado mental, como confusão e letargia, e persistência ou aumento da febre por mais de três dias.

“Em qualquer uma das situações, é fundamental manter o monitoramento de saturação, deixar o balão de oxigênio próximo ao usuário e fazer o encaminhamento para o médico o mais rápido possível. Nos casos graves, deve-se fazer o tratamento medicamentoso mais adequado e, após a estabilização, é preciso solicitar exames e encaminhá-los para o Centro de Referência”, afirmam as idealizadoras do material.

Sala de vacinação
A organização do fluxo de pessoas na sala de vacinação deve se dar com o distanciamento de, no mínimo, um metro entre os usuários. Recomenda-se que seja feita marcação no chão com fita crepe. O profissional de saúde deve estar usando máscara, óculos de proteção e avental de manga longa. Os usuários com sintomas respiratórios precisam receber máscaras, orientações de etiquetas respiratórias e ter prioridade no atendimento. De acordo com as professoras, ao manusear a caderneta de vacina, é preciso lavar as mãos antes do preparo e após aplicação dos imunobiológicos. Após cada atendimento, é preciso realizar a limpeza das superfícies com álcool 70%.

Durante as campanhas de vacinação, as recomendações mudam. Primeiramente, a campanha não pode ocorrer na sala de vacinação de rotina para evitar riscos de contaminação. Algumas estratégias possíveis são abrir postos escolas, creches, igrejas e centros comunitários para evitar que os idosos circulem no centro de saúde, organizar ambientes semelhantes a um drive thru, em que a vacinação ocorre nos carros, porta a porta, e vacinar em espaços ao ar livre, como parques e academias de saúde.

Um dos fatores essenciais é manter o público-alvo ciente do calendário, afixando cartazes informativos em lugares-chave, uma vez que os idosos são os mais vulneráveis ao Covid-19 sendo necessário assegurar a imunização desse público. Os idosos com mais de 80 anos devem ser vacinados em domicílio.

Saúde dos idosos
Todas as pessoas idosas, com idade acima de 60 anos, especialmente aquelas portadoras de comorbidades, devem adotar medidas de restrição de contato social, incluindo a suspensão imediata de atividades fora de casa, inclusive idas ao serviço de saúde para consultas eletivas ou especializadas. “Na presença de suspeita da síndrome gripal, é necessário evitar encaminhar o idoso frágil para atendimento de urgência (pronto socorro, UPA), onde o risco de contaminação é elevado”, aconselham as professoras.

O atendimento a pessoas com condições crônicas deve ser priorizado, e os pacientes devem ter seus receituários renovados pelo maior período possível. Também é preciso fazer um planejamento adequado para que não fiquem sem medicamentos, buscando, assim, evitar deslocamentos desnecessários para as UBSs. Algumas dessas enfermidades que exigem cuidados especiais são doenças cardíacas crônicas, doença cardíaca congênita, insuficiência cardíaca mal controlada, doença cardíaca isquêmica descompensada, doenças respiratórias crônicas, diabetes, entre outras.

Limpeza
A sobrevivência do vírus nas superfícies pode durar de duas horas até nove dias, por isso é recomendado limpar a área com água e sabão para depois realizar a desinfecção com álcool 70%, hipoclorito de sódio 0,5%, peróxido de hidrogênio 05% e utilizar varredura úmida que pode ser realizada com rodo e panos de limpeza de pisos. A frequência de limpeza das superfícies pode ser estabelecida para cada serviço, de acordo com o protocolo da instituição.

Antes de tocar na roupa individual ou de cama do usuário com suspeita de Covid-19, os profissionais da saúde e de apoio devem utilizar equipamentos de proteção individual. Na retirada da roupa suja, o manuseio deve ser mínimo, para não espalhar o vírus. Ela deve ser acondicionada em saco plástico identificado e único.

“A higiene frequente e adequada das mãos é uma das medidas mais importantes de prevenção da infecção. Além disso, a desinfecção facilitará a morte mais rápida do vírus, e muitos outros benefícios serão alcançados", finalizam as professoras.

O Guia completo está disponível neste site.

Com Assessoria de Comunicação da Escola de Enfermagem