QS Ranking: UFMG supera 97% das instituições da América Latina e do Caribe
Universidade é a segunda federal mais bem posicionada na classificação e a 13ª colocada na região
A UFMG está no seleto grupo das 3% melhores universidades da América Latina e do Caribe, segundo o QS World University Rankings: Latin America & The Caribbean 2025, divulgado na última quinta-feira, dia 3 de outubro. O ranking analisou 437 instituições de 24 países, sendo 96 brasileiras.
Entre as instituições brasileiras, a UFMG é a quinta universidade mais bem posicionada (atrás de USP, Unicamp, UFRJ e Unesp) e a segunda entre as federais (superada apenas pela UFRJ). No cômputo geral, a UFMG aparece na 13ª colocação, resultado que confirma sua ascensão na classificação. Em 2020, a Universidade foi a 17ª do ranking; em 2021, a 15ª; em 2022 e em 2023, a 16ª; em 2024, a 14ª. Segundo informou o QS, ao alcançar agora a 13ª colocação, a UFMG passou a situar-se à frente de 97% das instituições avaliadas pelo levantamento.
A pontuação geral da UFMG no ranking foi de 85,6. No QS, a instituição com melhor desempenho recebe a pontuação 100, e a de pior desempenho, 1. Em seguida, as demais instituições são situadas na escala estruturada entre esses dois valores, com base em seu desempenho relativo. O mesmo procedimento é realizado no âmbito de cada indicador que compõe o ranking.
Impacto e reputação
Entre os vários indicadores do ranking, dois chamam a atenção: o de reputação da Universidade como empregadora (employability and outcomes) e o que reflete sua reputação acadêmica (research and discovery). Em employability and outcomes, a UFMG subiu 21 posições em relação ao último levantamento, alcançando a 65ª posição geral. Em research and discovery, aparece na 18ª posição geral (em 2014, figurava na 17ª colocação).
“Nos últimos anos, temos feito um esforço muito grande para construir e fortalecer a interação da UFMG com a sociedade para além do ambiente propriamente acadêmico”, explica a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, ao comentar o resultado alcançado pela Universidade. “São iniciativas variadas, que convergem para o objetivo de aproximar a UFMG da sociedade civil, dos organismos de Estado e das organizações de mercado. Ao mesmo tempo, temos investido na projeção internacional da instituição. Os resultados materializados no ranking regional do QS comprovam que esses esforços têm sido reconhecidos”, afirma a reitora.
“De fato, existe hoje um trabalho muito forte e coordenado feito pelo gabinete da Reitoria, pela Diretoria de Cooperação Institucional (Copi), pelo Escritório de Governança de Dados Institucionais (EGDI) e pela Diretoria de Relações Internacionais (DRI) para que a ‘marca’ UFMG se consolide tanto no ambiente doméstico quanto no cenário internacional”, confirma o professor Dawisson Lopes, diretor do Escritório de Governança de Dados Institucionais da UFMG. “É um esforço estratégico, que está gerando frutos importantes no campo da reputação, conforme bem captou o QS ranking.”
Limitações
Ao mesmo tempo, Dawisson pondera os limites de alcance de rankings como o QS, por estarem centrados demasiadamente na imagem projetada pelas instituições. “O QS é um ranking que, embora seja muito abrangente e influente, baseia-se pesadamente nos aspectos de reputação e em pesquisa de opinião. Em razão disso, ele acaba favorecendo muito as instituições mais antigas, cujas marcas estão mais consolidadas e que têm esquemas de publicidade muito fortes. Refiro-me a marcas que existem há centenas de anos, europeias, com forte orçamento voltado para a publicidade”, destaca.
Sandra Goulart acrescenta que, em razão desse e de outros vieses, rankings como o QS não conseguem apreender todas as dimensões de excelência de instituições como a UFMG, em suas complexas interações sociais. “Um exemplo é a nossa capilaridade social, que se dá, por exemplo, por meio da nossa extensão universitária, que não é captada pelo ranking”, exemplifica a reitora. “Feitas as ponderações e filtrados os vieses, o interessante a notar é que, de modo geral, a UFMG vai muito bem em uma série de indicadores do QS quando comparada com instituições similares”, arremata Dawisson, que é professor do Departamento de Ciência Política da UFMG.
Presença na internet
O investimento que vem sendo feito pela UFMG em imagem e comunicação também acabou rendendo outro resultado positivo no QS Rankings: no indicador que mede a eficácia com que as instituições fazem uso de novas tecnologias (web impact). Esse indicador mostra que a UFMG é a terceira universidade de maior impacto na internet em toda a América Latina e no Caribe, repetindo uma colocação que já sustentava na última edição do levantamento. “Esse é um resultado alimentado pela popularidade das páginas gerenciadas pela área de comunicação institucional e pelas demais unidades acadêmicas da Universidade, no âmbito da Política de Comunicação da UFMG”, destaca Dawisson Lopes.
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Metodologia
A metodologia para a atribuição da nota do QS World University Rankings: América Latina e Caribe é composta de quatro tópicos, que, somados, compõem a nota total. O tópico research and discovery (“pesquisas e descobertas”) é responsável por 45% da nota; learning experience (“experiência de aprendizagem”), por 20%; employability and outcomes (“empregabilidade e resultados”), por outros 20%; e global engagement (“engajamento global”), pelos 15% restantes. Cada tópico é composto de um ou mais indicadores.
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O tópico research and discovery, por exemplo, é formado pela reputação acadêmica das universidades no último QS Academic Reputation (30%), pelo número médio de citações (citations per paper) obtidas na universidade por publicação (10%) e pelo número médio de artigos publicados (papers per faculty) por unidade da instituição (escola, instituto ou faculdade, por exemplo) nos últimos cinco anos (5%). Com efeito, o indicador relativo ao número médio de citações obtidas por publicação – citations per paper – foi o principal ponto de atenção evocado pelos resultados do QS: nele, a UFMG teve uma queda de 12 posições.
Dawisson situa esse resultado no contexto do leve declínio vivido pela produção científica brasileira no pós-pandemia, fenômeno que também atingiu pela UFMG. “Isso acabou impactando os nossos indicadores de produtividade científica, especificamente. Mesmo assim, a UFMG continua situada em um patamar muito elevado nesses indicadores, acima da mediana regional e com pontuações muito altas”, demarca o diretor. Em citations per paper, indicador da citada queda, a UFMG ocupa, ainda assim, a posição 81 entre as 437 instituições ranqueadas.
O diretor do Escritório de Governança de Dados Institucionais da UFMG explica, ainda, que, em indicadores como esse, rankings como o QS tem perfil enviesado, pois levam em conta apenas as citações apuradas em repositórios internacionais de papers. “Em razão desse viés, o indicador do QS não capta nossas citações em capítulos de livros, em livros ou mesmo em trabalhos de conclusão de curso. É um sistema que acaba favorecendo projetos direcionados a grandes editoras internacionais em língua inglesa”, pondera. Segundo Dawisson, outras bases de artigos e de dados científicos contabilizam de forma “mais generosa” as métricas científicas de universidades como a UFMG, em face de sua situação regional e doméstica.
Os demais indicadores
O tópico learning experience, por sua vez, é dado pela proporção entre docentes e alunos (faculty student ratio), com peso de 10%, e pela proporção de professores com doutorado no corpo docente (staff with PhD), também com peso de 10%. No indicador relativo à proporção entre docentes e alunos, a UFMG galgou 20 posições. No indicador relativo à proporção de professores com doutorado, a Universidade manteve-se estável na sétima colocação geral.
O tópico employability and outcomes, por sua vez, é atribuído integralmente pela reputação da universidade como empregadora. Ele é coletado na última edição do QS Employer Reputation. Como já mencionado, a UFMG teve sua mais significativa ascensão nesse indicador, subindo 21 posições entre as edições 2024 e 2025.
O tópico global engagement é computado em razão do nível de solidez da rede internacional de pesquisa (international research network da universidade, com peso de 10%, e do seu impacto na internet, isto é, da eficácia com que faz uso das novas tecnologias (peso de 5%). Nesses indicadores, a UFMG tem um desempenho praticamente impecável: sua nota em web impact é 100, e sua nota em international research network, 98,2.