Reitora recebe distinção máxima da ALMG por atuação da UFMG na pandemia
Sandra Goulart foi agraciada com a Ordem do Mérito Legislativo; representante do CTVacinas, Flávio da Fonseca também foi homenageado
“Quero crer que todos aqui temos uma utopia compartilhada: a utopia de que a Minas do futuro – uma Minas de grandes desafios, sabemos – ocupará brevemente um lugar de destaque no mundo, [destacando-se como] um dos lugares do mundo em que se produz riqueza com o conhecimento produzido, assim nos tornando um centro de referência para a ciência, a educação, a inovação, a cultura, a saúde – ao mesmo tempo que nos tornaremos uma sociedade cada vez mais próspera. Que seja esse o estado que sempre imaginamos para todos nós: um estado verdadeiramente promissor, inovador, acolhedor e inclusivo.”
O trecho é parte do discurso proferido pela reitora Sandra Regina Goulart Almeida, na cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Legislativo, realizada pela Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) no fim da tarde desta segunda-feira, 22, no Palácio das Artes, em Belo Horizonte. Além de ter sido a oradora oficial do evento, a reitora da UFMG também foi condecorada na cerimônia com o grau Grande Mérito, a mais alta distinção da Ordem do Mérito Legislativo. “Tenho certeza de que todos aqui se colocam à disposição do estado para construirmos, juntos e juntas, a Minas Gerais que queremos para nós e para as gerações vindouras”, disse a reitora, em seu pronunciamento.
O professor Flávio Guimarães da Fonseca, que é um dos coordenadores do CTVacinas (centro de pesquisas da UFMG onde está sendo desenvolvida a vacina SpiN-TEC contra a covid-19) e presidente da Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), também foi agraciado na cerimônia. O docente do Departamento de Microbiologia do ICB recebeu a comenda no grau Mérito Especial.
Ao todo, somados os graus Grande Mérito, Mérito Especial e Mérito, foram homenageadas cerca de 90 pessoas e instituições. A distinção da Ordem do Mérito Legislativo é concedida regularmente, desde 1982, a pessoas físicas ou jurídicas, nacionais ou estrangeiras, que tenham se destacado por iniciativas de relevância pública e de promoção da cidadania. Os agraciados são indicados pelo Conselho da Ordem do Mérito Legislativo, liderado pelo presidente da Assembleia, deputado Agostinho Patrus.
O que honra a honra
Em seu pronunciamento, a reitora da UFMG destacou que, em razão do papel exemplar que a Assembleia cumpriu no combate à pandemia, a instituição fez valer a máxima de que a honra não se encontra no que é honrado, mas no que concede a honra. E qual a principal honra de uma assembleia legislativa, num tempo em que, mais do que nunca, a sociedade tem demandado por cidadania e senso de comunidade? “A honra de ser uma instituição de serviço público construída democraticamente, pela vontade do povo mineiro, e voltada para o bem comum e para o bem-estar de todos os mineiros, ao desenvolvimento econômico e social e à equidade de oportunidades para a população mineira”, disse Sandra, agradecendo particularmente ao presidente da Casa, o deputado Agostinho Patrus, “por se manter sempre fiel aos anseios do povo mineiro” – e também pela frutífera parceria que vem sendo mantida entre as instituições legislativa e universitária.
“De fato”, lembrou a reitora, “se aprendemos algo neste tempo tão doloroso em que vivemos, foi a necessidade de [investirmos em] um trabalho de fato colaborativo e cooperativo entre pessoas, instituições, governos e país”. A reitora exemplificou essa importância com a vacina contra a covid-19, que está sendo desenvolvida na UFMG e é fruto da articulação de várias instâncias da sociedade: o trabalho articulado entre pesquisadores da Universidade, da Fiocruz e de outras entidades, em consonância com diferentes esferas de governo. “E com o apoio imprescindível da Assembleia, que foi a primeira a acolher a Universidade nesse empreendimento”, destacou.
Tempo do recomeço
A Ordem do Mérito Legislativo é concedida pela ALMG em três graus distintos. Cientistas e reitores de universidades tendem a ser agraciados com o grau Mérito Especial, o mesmo destinado a membros da Mesa da Assembleia, deputados estaduais, secretários de estado, senadores, deputados federais, ministros de tribunais superiores, presidentes de tribunais, desembargadores, oficiais generais, embaixadores e enviados extraordinários, entre outros.
Nesta edição, contudo, em razão de sua liderança em um momento crítico, a reitora da UFMG foi condecorada com o grau “Grande Mérito”, o mesmo que costuma homenagear soberanos, chefes de Estado e de governo, governadores, vice-governadores, presidente da ALMG, presidentes de órgãos de Justiça e do Legislativo estaduais e federais e outras personalidades de hierarquia equivalente.
O grau Mérito costuma ser entregue a cônsules, magistrados, membros do Ministério Público, militares, professores, escritores, funcionários públicos, desportistas e outras personalidades de hierarquia equivalente.
Para Agostinho Patrus, a outorga do grau Grande Mérito à dirigente da UFMG – “notável defensora da ciência, do conhecimento e respaldada por uma sólida experiência acadêmica, à frente de uma das instituições que mais nos orgulham” – é um reconhecimento merecido pelo trabalho que a Universidade vem realizando em favor da população mineira e brasileira – sobretudo nos últimos dois anos, período em que a pandemia de covid-19 pôs o Brasil e o mundo em estado de suspensão.
“Em Sandra Regina, pode-se identificar a mais autêntica expressão da liderança, e sob o seu comando, a UFMG tem atuado em favor da sociedade no enfrentamento da pandemia, priorizando a saúde e a vida de cada cidadão, investindo em pesquisas em um momento que ainda exige agilidade, planejamento e ações urgentes.”
Em sua fala, Agostinho Patrus ainda lembrou que a história universal é pródiga em acontecimentos distópicos, mas que são esses acontecimentos que, a despeito dos desafios que nos colocam, inevitavelmente convocam a humanidade a se reinventar.
“De fato, há ocasiões em que é preciso recomeçar. São momentos de insurreição, de travessia, momentos belos e difíceis, como os ritos de passagem. A crise é professora: os acontecimentos históricos demonstram que as dificuldades estimulam a superação. Depois de um período de recolhimento e morte, há uma grande explosão de vida que gera novos processos civilizatórios ou acelera aqueles que se encontravam em curso. É assim que a humanidade vai inventando o futuro: a partir de fragmentos do passado, do acúmulo de seus aprendizados”, disse o parlamentar. “E não há dúvida de que o tempo do recomeço está em curso”, finalizou.