Residentes são reconhecidos como alunos de pós-graduação da UFMG
Resolução criou mecanismo para regular residência em hospitais vinculados à instituição
Pela primeira vez desde a criação das residências médicas pioneiras do Hospital das Clínicas da UFMG, no final da década de 1950, médicos e outros profissionais da saúde que hoje também atuam como residentes no próprio HC, no Hospital Risoleta Tolentino Neves e no Hospital Veterinário (HV) passam a ser reconhecidos como estudantes de pós-graduação da Universidade, conforme resolução aprovada em maio pelo Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe).
As residências são uma modalidade de ensino de pós-graduação na área da saúde, em nível de especialização, caracterizadas como treinamento em serviço, sob a supervisão de profissionais experientes e docentes. Ao todo, a UFMG oferece 344 vagas anuais, distribuídas em 70 programas de residência médica e 11 programas de residência multiprofissional.
Os programas já eram acreditados pela Comissão Nacional de Residência Médica e pela Comissão Nacional de Residência Multiprofissional em Saúde, subordinadas ao Ministério da Educação, e acompanhados localmente pela Comissão de Residência Médica (Coreme/HC) e pela Comissão de Residência Multiprofissional (Coremu/HV). No entanto, embora os residentes constassem como estudantes da UFMG no estatuto da Universidade, os programas que os abrigam ainda não eram oficialmente registrados na instituição.
Matrícula na UFMG
A reitora Sandra Regina Goulart Almeida considera a resolução sobre as residências um marco histórico para os cursos da área da saúde na Universidade. "A residência é uma etapa importante para a formação de profissionais qualificados e especialistas na área da saúde, com amplo reconhecimento social. Trata-se de um tipo específico de pós-graduação lato sensu que não estava contemplado nas normas de pós-graduação existentes até então. Com a resolução aprovada pelo Cepe, os residentes finalmente serão oficialmente incorporados ao corpo discente da UFMG, com número de matrícula”, destaca a reitora.
“Com a regulamentação das atividades no âmbito da Universidade, todos os residentes passam a ter acesso à estrutura oferecida pela instituição, incluindo as bibliotecas e o Centro Esportivo Universitário (CEU), além de alimentação com valor diferenciado nos restaurantes universitários”, explica a professora Isabela Almeida Pordeus, pró-reitora de Pós-graduação da UFMG.
Reconhecimento do trabalho docente
A vice-diretora da Faculdade de Medicina da UFMG, Cristina Alvim, destaca outro aspecto importante da aprovação da resolução: a visibilidade ao trabalho docente desenvolvido com os residentes. “A partir da consolidação dos programas de residência, a comunidade poderá discutir novas demandas e propor políticas de valorização e incentivo para ampliar a inserção de docentes de cursos da saúde nas atividades de ensino, pesquisa, extensão e assistência à saúde nos hospitais da UFMG e serviços conveniados", prevê.
A opinião é compartilhada pela professora Isabel Mendoza, tutora da residência em enfermagem. Assim como Alvim, ela participou da Comissão de Reestruturação de Residências, instituída pela Pró-reitoria de Pós-graduação da UFMG. “A resolução dará visibilidade e reconhecimento ao árduo trabalho desenvolvido pelos tutores docentes, pois o investimento em horas de trabalho acadêmico é muito grande”, observa Mendoza.
Preparação para o mercado de trabalho
Isabel Mendoza, da Escola de Enfermagem, destaca ainda o papel da residência na formação dos profissionais da área. “A Residência Integrada Multiprofissional em Enfermagem é um programa que permite que as habilidades e conhecimentos científicos sejam aperfeiçoados e aprofundados em determinada área, dentro de um ambiente supervisionado. Para o enfermeiro recém-formado, é uma etapa de preparação in situ para entrar no mercado de trabalho”, diz.
“As residências são campos de formação que possibilitam vivenciar o aprendizado de maneira essencialmente prática, com forte integração entre ensino e serviço e de saberes de diferentes áreas profissionais, sempre com o objetivo de qualificar o residente com base nos princípios e diretrizes do Sistema Único de Saúde”, reforça a professora Denise Travassos, da Faculdade de Odontologia. “Especificamente na nossa área, é uma grande oportunidade de aprendizado, pois são poucos os programas de residência disponíveis no país”, conclui.
A partir da data de aprovação da resolução pelo Cepe, as coordenações das residências terão prazo de 180 dias para regulamentar as mudanças instituídas.