Sarandeiros apresenta em BH espetáculo que resgata histórias mitológicas da cultura iorubá no Brasil
Pelo segundo ano consecutivo, o grupo Sarandeiros, da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da UFMG, é uma das atrações da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de Belo Horizonte. Nos dias 26 e 27, às 21h, e 28 de fevereiro, às 20h, o grupo apresenta o espetáculo Quebranto, no Teatro Bradesco (Rua da Bahia, 2.224, Lourdes).
Com 32 artistas, entre técnicos e bailarinos em cena, a montagem se baseia em recursos dramatúrgicos e nos passos tradicionais de danças africanas para contar histórias mitológicas da cultura iorubá no Brasil. “Não existem coreografias prontas para cada orixá, e buscamos em pesquisas de terreiro e nos movimentos estruturados para a interpretação de cada mito as bases para a elaboração coreográfica”, explica o diretor do grupo, Gustavo Côrtes, professor da Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional. A direção artística do espetáculo é assinada por Petrônio Alves.
Concebido em 2008, Quebranto foi reeditado com outro elenco para a campanha deste ano. O trabalho que, à época, durou dois anos, resultou de intensas pesquisas em terreiros de Belo Horizonte e aulas de danças dos orixás realizadas com Nildinha Fonseca, do Balé da Bahia. O grupo contou com a ajuda de babalorixás e de pessoas ligadas ao Candomblé.
“Infelizmente, não temos tantos dançarinos negros no grupo para representar todos os orixás neste espetáculo. Sabemos que a representatividade e o protagonismo negro são extremamente importantes para um trabalho baseado em aspectos intrínsecos da cultura negra, e todos os integrantes do Sarandeiros estão alinhados com essa valorização. Apesar das limitações de elenco para essa representação, o desejo de levar Quebranto ao mundo renovou o interesse em reapresentá-lo”, argumenta Gustavo Côrtes.
Os ingressos para o espetáculo estão disponíveis nos postos da Campanha de Popularização do Teatro e da Dança de BH ou pelo site da iniciativa.
Manifestações brasileiras
O Sarandeiros foi criado em 1980, pelas professoras Vera Soares e Marilene Lima, e teve suas atividades interrompidas em 1995, com a aposentadoria das fundadoras. Dois anos depois, quando se tornou professor da Escola, Gustavo Côrtes assumiu a direção. Até então formado exclusivamente por alunos da Unidade, o grupo abriu suas portas a artistas de fora e deixou de lado o folclore estrangeiro para priorizar as manifestações brasileiras. Desde então, foram criados sete espetáculos, entre os quais O profano e o sagrado(1999) Dança Brasil (2003) e Gerais de Minas(2006).
Primeiro grupo brasileiro premiado pelo Festival de Culturas do Canadá (2014), a trupe parte, em junho, para sua 16ª turnê internacional. Serão 25 dias entre Paris e as ilhas Guadalupe, no Caribe.