Série 'Rotas da ditadura', da Rádio UFMG Educativa, está disponível na internet
Os seis episódios abordam aspectos relacionados ao golpe de 1964 e ao regime que vigorou até 1985
Os episódios da série Rotas da ditadura: 60 anos do golpe, produzida pela Rádio UFMG Educativa, já podem ser ouvidos na internet. As reportagens estão disponíveis ao longo desta publicação, no Spotify e na página da emissora no Soundcloud. A produção também foi veiculada no programa Conexões, que vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 10h às 12h, na UFMG Educativa (104,5 FM).
No Conexões, a série foi transmitida de 25 a 28 de março e em 1º e 2 de abril. O último episódio, Autoritarismo no Brasil, ontem e hoje, foi veiculado nesta terça-feira. As reportagens também estão sendo transmitidas pela Universitária FM, rádio da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Na emissora pernambucana, os três primeiros episódios foram apresentados ontem, 1º de abril, e os outros três vão ao ar nesta terça, 2 de abril, às 20h.
A série tem depoimentos de especialistas que estudam o golpe de 1964 e a ditadura, além de memórias de mulheres e homens que sofreram na pele a violência do regime militar. Os episódios são independentes e podem ser ouvidos em qualquer ordem. As reportagens têm produção e apresentação de Tiago de Holanda, com edição de áudio de Clarice Oliveira, também responsável pelos trabalhos técnicos, com a participação de Cláudio Zazá.
Como aconteceu o golpe
O primeiro episódio explica quais foram os principais atores e momentos do processo que resultou na derrubada do presidente João Goulart, alvo de uma conspiração que envolveu não apenas militares e civis brasileiros, mas também o governo dos Estados Unidos.
Vigiar, punir e investir
Desde o começo da ditadura, as universidades foram alvo de repressão. Eram vistas como propícias para a difusão de atitudes contrárias ao governo militar. Por outro lado, essas instituições também receberam investimentos públicos importantes, pois eram avaliadas pelos militares como essenciais para o desenvolvimento econômico do país. O episódio 2 apresenta a primeira parte de reportagem sobre como as universidades foram afetadas pela ditadura.
Cerco a estudantes
Nas universidades, o movimento estudantil foi um importante agente de resistência à ditadura. Essa atuação, porém, sofreu intensa repressão, especialmente a partir de 1968. Vários estudantes foram expulsos das instituições de ensino; alguns, presos, torturados e mortos. A relação entre o governo militar e a oposição estudantil universitária é o principal tema do episódio 3, que apresenta a segunda e última parte da reportagem sobre como as universidades em geral foram afetadas pela ditadura.
Resistência e acomodação
A UFMG foi uma das universidades mais prejudicadas pelas políticas repressivas da ditadura iniciada em 1964. Porém, na instituição, como no sistema universitário, nem todas as ações foram de resistência: havia pessoas que apoiavam o regime militar ou, ao menos, acomodavam-se a ele; houve dirigentes que buscaram negociar com o governo, na tentativa de impedir parte das ações de repressão. Aspectos particulares da trajetória da UFMG naquele período são o tema do episódio 4.
Mapa da repressão
Como funcionava a rede de lugares de prisão e tortura, na ditadura militar? Como se articulavam as Forças Armadas e polícias, instituições que geriam tais espaços? Essas são as principais questões abordadas no episódio 5, que destaca alguns endereços da repressão. A reportagem também ressalta memórias de presos políticos, inclusive relatos que indicam particularidades em violências sofridas por presas mulheres.
Autoritarismo no Brasil, ontem e hoje
A sociedade brasileira sempre apresentou traços autoritários. Além disso, nos últimos anos, discursos de elogio à ditadura militar têm ganhado força, com o crescimento de grupos de extrema-direita. Esses dados são abordados no sexto e último episódio, no qual especialistas buscam responder à seguinte questão: como combater propostas políticas autoritárias e, assim, fortalecer a democracia no Brasil?
Para saber mais
Quem quiser se informar mais sobre o golpe de 1964 e a ditadura militar pode acessar o relatório final da Comissão Nacional da Verdade e os relatórios das comissões estaduais, como o da Comissão da Verdade em Minas Gerais. Temas específicos abordados na série Rotas da ditadura: 60 anos do golpe são investigados em vários livros, como O grande irmão, de Carlos Fico, As universidades e o regime militar, de Rodrigo Patto Sá Motta, e O movimento estudantil na resistência à ditadura militar (1969-1979), de Angélica Müller.
Rememorado no quinto episódio da série, o caso de uma residência utilizada, na década de 1960, por membros de um grupo de oposição à ditadura é tema do livro A queda: Rua Atacarambu, 120, de Antônio Nahas Júnior. Já a história do líder estudantil Gildo Macedo Lacerda, contada no terceiro episódio, é recuperada, de modos diferentes, nos livros A revolta das vísceras e outros textos, da jornalista Mariluce Moura, viúva de Gildo, e Pela memória de paí[s]: Gildo Macedo Lacerda, presente!, da professora de Filosofia da Universidade de São Paulo (USP) Tessa Moura Lacerda, filha de Gildo.