Sistemas partidários influenciam comportamento do eleitor, constata pesquisa
Tese da UFMG investiga cenários eleitorais de 17 países latino-americanos
Os sistemas eleitorais e partidários exercem influência no comportamento dos eleitores latino-americanos. Essa é a conclusão de tese de doutorado defendida no Programa de Pós-graduação em Ciência Política da UFMG. Intitulado Comportamento eleitoral e instituições políticas na América Latina, o trabalho mostra como os sistemas partidários e eleitorais, entendidos como instituições políticas, atuam sobre o voto em 17 países da América Latina.
Defendida por Mariela Rocha, pesquisadora do Projeto Democracia Participativa e do Centro de Estudos do Comportamento Político da UFMG, a tese sugere que a fragmentação eleitoral, definida como o número efetivo de partidos em um determinado país, tem participação importante na explicação do voto partidário. Quanto maior for o número de partidos efetivos em um país, menores são as chances de que o voto partidário ocorra.
No Brasil, a identificação partidária registrada nas eleições de 2010 foi de 22,9%, enquanto o voto partidário correspondeu a 13%. Assim, 56,8% dos brasileiros votaram de acordo com sua identificação partidária. Em El Salvador, por exemplo, a identificação partidária foi de 44,6%, mas o voto partidário registrado foi de apenas 9%.
Outra variável analisada pela pesquisa é a polarização partidária, medida pela distância ideológica entre os partidos que receberam apoio. O cálculo considera os partidos mais extremos na perspectiva direita-esquerda. A conclusão é de que quanto maior for a polarização partidária no país, menor a chance de ocorrer o voto partidário. El Salvador e Nicarágua se revelaram os países mais polarizados, ou seja, com opções partidárias mais distantes entre si.
Mariela Rocha considerou dados de 17 países da América Latina, relativos ao ano de 2014. O período foi escolhido para aproveitamento da versão mais recente do Barômetro das Américas, levantamento usado como base do estudo e que traz importantes contribuições sobre as eleições presidenciais mais próximas de 2014. No Brasil, os dados de referência são das eleições de 2010.
A autora do estudo foi entrevistada pela Rádio UFMG Educativa.