Teleassistência permite atendimento médico seguro durante pandemia, afirma professor da Medicina
Por conta da covid-19, Conselho Federal de Medicina regulamentou provisoriamente o uso da telemedicina no Brasil
A telemedicina (exercício da medicina a distância, com médico e paciente se comunicando por vídeo-ligações de aplicativos como Whatsapp e Skype) tem sido muito debatido pela comunidade médica nos últimos anos. Mas após a Organização Mundial da Saúde (OMS) ter declarado estado de pandemia com a Covid-19, o Conselho Federal de Medicina regulamentou provisoriamente o uso da telemedicina no Brasil, a fim de auxiliar o combate à doença no país.
A portaria publicada em 23 de março de 2020, pelo Ministério da Saúde, permite que as operadoras do setor amplifiquem os serviços, até então destinados, em sua maioria, para atender doentes crônicos ou usuários cadastrados em seus programas de atenção primária. De acordo com a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), quem quiser ser atendido dessa forma deve procurar a sua operadora de plano de saúde, que deverá oferecer uma opção.
Em entrevista ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, nesta quarta-feira, 29, o cardiologista e coordenador da Rede de Teleassistência de Minas Gerais, Antonio Ribeiro, explicou que a telemedicina é bastante antiga.
“Até mesmo o primeiro eletrocardiograma feito no mundo teve seu resultado transmitido à distância. Transmitir laudos médicos, avaliações e opiniões na área da saúde é uma realidade antiga”, afirmou.
Atendimento durante pandemia
Professor da Faculdade Medicina da UFMG e coordenador de pesquisa e inovação do Hospital das Clínicas da UFMG, Antonio Ribeiro ressaltou a importância da teleassistência neste momento de pandemia. Segundo o professor, o avanço da covid-19 gerou um paradoxo, em que hospitais, locais de atenção à saúde, passaram a ser pontos de alto risco de contaminação pelo novo coronavírus.
“Por um lado, há as necessidades das pessoas, de acompanhamento de um quadro de saúde, de medicação. Por outro lado, há o risco de se expor à contaminação. Se todas as pessoas com algum sintoma gripal, por exemplo, procurarem o sistema de saúde, além do risco de contaminação, há também sobrecarga”, analisou.
Segundo Antonio Ribeiro, inicialmente, o ideal é que se consiga orientar as pessoas à distância, a fim de que possam tomar medidas adequadas, sem lotarem os serviços de saúde e se submeterem a risco de contaminação.
“Como toda ferramenta, a teleassistência tem suas limitações. Para algumas condições, ela serve. Para outras, é inadequada. A telemedicina nunca vai substituir a consulta presencial. As tecnologias vêm para aumentar nossas possibilidades de fazer as coisas, não para substituí-las”, ponderou.