Terceira dose da vacina contra covid-19 é autorizada a todos os adultos pelo Ministério da Saúde
Combinação de imunizantes diferentes, defendida pela pasta, é promissora, mas é preciso pensar em quais são as melhores alternativas, defende professora do ICB
O Ministério da Saúde anunciou a ampliação da aplicação da dose de reforço da vacina contra covid-19. Desde setembro, a terceira dose é permitida para pessoas acima de 60 anos, profissionais da saúde e imunossuprimidos. Agora, o reforço também está autorizado para toda a população acima de 18 anos que já tenha completado o esquema básico de vacinação. O anúncio foi feito pelo ministro da saúde, Marcelo Queiroga, nessa terça-feira, 16, e marca o lançamento da campanha “Mega Vacinação”, criada para estimular a população a tomar todas as doses recomendadas da vacina e completar o ciclo de imunização.
O ministro também anunciou uma redução de cinco para seis meses no intervalo entre a conclusão do esquema vacinal e a dose de reforço e uma segunda dose para os brasileiros que receberam a vacina Janssen. Até este momento, o imunizante era o único considerado de dose única no Brasil. Nenhuma das medidas passou pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Segundo o Ministério da Saúde, mais de 350 milhões de doses das vacinas contra covid-19 já foram distribuídas para todo o país e mais de 297 milhões já foram aplicadas.
A dose de reforço da vacina contra covid-19 e as novas definições anunciadas pelo Ministério da Saúde em relação a ela foram tema de entrevista no programa Conexões desta quinta, 18, com a professora do Departamento de Microbiologia da UFMG Jordana Coelho dos Reis. A entrevistada assegurou que, assim como as primeiras vacinas foram importantes para induzir a resposta imune contra o vírus, a terceira também é fundamental para manter essa resposta, uma vez que estudos já mostraram que a imunidade cai ao longo do tempo, e isso acontece no processo de imunização contra várias doenças. É dessa maneira que vamos sair da pandemia. A professora demonstrou preocupação com o fato das mudanças anunciadas não terem passado pela Anvisa, o que é imprescindível para implementar as medidas e também para a segurança da população.
A pesquisadora explicou porque optar pela vacinação heteróloga – aplicar doses de diferentes fabricantes na mesma pessoa –, mas fez ressalvas. “Isso é importantíssimo, é algo que uma agência regulatória como a Anvisa precisa estar avaliando. Tivemos, por exemplo, um artigo científico que fez combinações entre Astrazeneca e Pfizer. Esse estudo mostrou que a resposta imune com uma dose da Astrazeneca e uma segunda da Pfizer é o melhor esquema vacinal quando comparamos a Pfizer-Pfizer, Astrazeneca-Astrazeneca e Pfizer-Astrazeneca. Se você inverte a posição das doses, já não tem uma resposta boa. Então, é muito importante avaliar com cuidado. A gente já sabe que a vacinação heteróloga é muito mais eficiente do que o esquema homólogo, mas qual a combinação correta? Isso precisa ser baseado em estudos científicos que são registrados e avaliados pelos órgãos reguladores. Em relação à Coronavac, ainda não temos evidências se o reforço com Astrazeneca ou Pfizer seria o ideal se a gente escolher esse esquema heterólogo", detalhou.
A professora Jordana dos Reis reafirmou a importância da vacinação, recomendando que quem tomou a primeira dose e não voltou para a segunda que o faça e que ninguém abra mão da terceira.
Ouça a entrevista completa no Soundcloud.
Se você ainda não se vacinou, é importante ter o esquema básico completo para receber a dose de reforço. Em Belo Horizonte, informações sobre a vacinação e a agenda estão disponíveis no site da Prefeitura.
Produção: Enaile Almeida, sob orientação de Luiza Glória e Alessandra Dantas
Publicação: Alessandra Dantas