Tese da UFMG mapeia ruas de BH que homenageiam militantes contra a ditadura
Pesquisa da psicóloga Jaíza Cruz buscou compreender a construção da memória histórica do período militar no Brasil
Nomear é um ato de reconhecimento. No caso de ruas, avenidas e praças, ele também pode ser visto como uma exaltação. No Brasil, tivemos e ainda temos vários logradouros que levaram nomes de presidentes da ditadura militar ou pessoas de alguma ligação com o regime e violações de direitos humanos. Em Belo Horizonte, houve uma grande mudança, principalmente a partir de 1994, com a Lei “Rua Viva”, criação do então vereador Betinho Duarte, que levou à nomeação de centenas de locais em homenagem a militantes políticos mortos ou desaparecidos pela ditadura militar. A partir do livro de mesmo nome escrito pelo político, um estudo de doutorado da UFMG destacou 200 pontos e criou um mapa interativo com os logradouros, como ruas, avenidas e praças, onde foi realizada a pesquisa de campo.
Por meio de entrevistas com moradores desses locais, o objetivo era compreender a construção da memória histórica e das representações do período militar no Brasil, que durou de 1964 a 1984. No trabalho, a memória é tomada em seu aspecto psicossocial, no qual é considerada uma construção coletiva, em que lembrança, silêncio e esquecimento são articulados em uma trama que relaciona passado, presente e futuro. A autora da tese, Jaíza Cruz, dedica a pesquisa às militantes e aos militantes políticos mortos e desaparecidos no período e aos familiares deles, que, na falta de uma lápide para homenagear os entes queridos, podem, simbolicamente, ter essa lembrança entre as ruas e as avenidas da cidade.
O programa Conexões conversou com a psicóloga Jaíza Cruz, mestre e doutora em Psicologia pela UFMG e autora da tese “Entre ruas e avenidas: memória e representações sociais do período militar (1964-1985) em Belo Horizonte/MG”. A pesquisadora contou sobre suas motivações para estudar o tema, os conceitos e a metodologia usada para abordar a construção da memória e das representações sobre a ditadura militar brasileira.
A TV UFMG também produziu um vídeo sobre a tese da nossa convidada que você pode ver aqui. O trabalho da Jaíza Cruz, pode ser acompanhado pelo perfil dela no Instagram, @jaizacruzpsicologia.