Trajetória de 65 anos da EBA, referência no ensino das artes no Brasil, é narrada em livro
Obra, que reúne depoimentos de 15 autores, 66 fotografias e detalhada cronologia da Unidade, será lançada na próxima terça-feira
Uma extensa pesquisa de pós-doutorado da professora Mariana Ribeiro da Silva Tavares sobre a história de um dos mais importantes centros de ensino de artes do Brasil resultou no livro Escola de Belas Artes, UFMG: 65 anos de ensino-aprendizagem em Artes, que será lançado nesta terça-feira, dia 13, a partir das 16h30, no Auditório Álvaro Apocalypse da Escola de Belas Artes.
O evento terá homenagem à professora aposentada Pompéa Péret, 96, que idealizou o livro há 20 anos e o Projeto Memória da Escola de Belas Artes. A obra, publicada pela Editora Ramalhete, foi organizada pela própria Mariana Tavares em parceria com os professores Lucia Gouvêa Pimentel e Evandro José Lemos da Cunha, também vinculados à EBA.
A investigação tem como ponto de partida o projeto Memória da Escola de Belas Artes, idealizado pela professora aposentada Pompéa Péret Britto da Rocha, que levantou documentos e registrou entrevistas que cobriram os 15 anos iniciais da EBA, de 1957 a 1972. A essa documentação somaram-se novas entrevistas com professores e técnicos, bem como o levantamento de outros documentos, reportagens, textos e imagens que abarcam as décadas seguintes até 2024. Essa documentação foi a base para a organização e escrita da história da EBA.
Pioneirismo
Nas palavras da professora emérita da USP Ana Mae Barbosa, que assina o prefácio, "a EBA sempre foi uma escola contemporânea no tempo, com pioneirismo em várias áreas e grande influência na História do Ensino das Artes no Brasil". O primeiro curso de Conservação e Restauração de Bens Culturais Móveis do país foi criado na Escola de Belas Artes, em 1978, pela professora Beatriz Coelho.
A primeira habilitação de Cinema de Animação lançada em uma universidade brasileira, em 1985, é também da EBA, assim como a primeira especialização em Estilismo e Modelagem do Vestuário, em 1986, que posteriormente deu origem ao bacharelado em Design de Moda, em 2009. Implementado em 2006, o Doutorado em Artes da EBA é o primeiro de Minas Gerais.
O Festival de Inverno da UFMG, uma das principais atividades de extensão em universidade brasileira, foi criado em 1967, pelo professor de pintura da EBA Haroldo Mattos e pela professora e pianista Berenice Menegale, da Fundação de Educação Artística. O grupo Giramundo, referência em teatro de bonecos no país, nasceu como atividade de extensão na EBA, em 1970, sob a batuta dos professores-artistas Álvaro Apocalypse, Terezinha Veloso e Maria do Carmo Vivacqua.
Memória e metodologias
Na primeira parte do livro, Da memória para a história, o leitor é apresentado à luta inicial de estudantes mulheres para a criação da Escola, a conquista da sede própria no Campus Pampulha (1972), a criação do mestrado (1995) e do doutorado em Artes (2006) e a ampliação da Escola pelo Reuni (Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais), em 2008, entre outros marcos da história da Unidade.
Na segunda parte, 65 anos de ensino-aprendizagem em Artes: compartilhando experiências, 11 artigos de professores-artistas apresentam relatos históricos e metodologias de ensino-aprendizagem na graduação e na pós-graduação. São procedimentos criados por professores em diversos cursos da Escola de Belas Artes que podem ser referência para outras escolas de arte no país. Das práticas da improvisação no curso de Teatro à pesquisa em artes da cena, da experimentação no cinema de animação à criação de um espaço expositivo para os alunos de fotografia, esses relatos constituem possibilidades de intervenção em sala de aula e outros espaços que podem impulsionar outras iniciativas de ensino-aprendizagem no Brasil.
Cenário atual
A Escola de Belas Artes oferece seis cursos de graduação: Artes Visuais (bacharelados em Artes Gráficas, Desenho, Escultura, Gravura, Pintura e licenciatura em Artes Visuais), Cinema de Animação e Artes Digitais, Conservação-Restauração de Bens Culturais Móveis, Dança, Design de Moda e Teatro (bacharelado e licenciatura). Oferece também dois cursos de graduação interunidades (em parceria com outras unidades): Design, em associação com a Escola de Arquitetura, e Museologia, em parceria com a Escola de Ciência da Informação).
O livro também apresenta uma cronologia (de 1957 a 2024), uma seção sobre os pioneiros (com biografias de 17 professores), além da relação completa dos diretores e vice-diretores, professores e técnicos-administrativos que atuaram na EBA a partir de 1957 – momento em que o Curso de Artes foi criado pelo professor-arquiteto Sylvio de Vasconcellos na Escola de Arquitetura. São 66 fotografias [algumas compõem galeria ao fim deste texto] que acrescentam camadas documentais a essa história referencial para o ensino das artes no Brasil.
Entre os professores que participam do livro estão Ana Lúcia Menezes de Andrade, Adolfo Cifuentes, Arnaldo Leite Alvarenga, Eugênio Paccelli Horta, Evandro José Lemos da Cunha, Gabriela Córdova Christófaro, Geraldo Freire Loyola, Lucia Gouvêa Pimentel, Luiz Souza, Maria Beatriz Braga Mendonça (Bya Braga), Mariana de Lima e Muniz, Mariana Ribeiro da Silva Tavares, Maurício Silva Gino, Mônica Medeiros Ribeiro e Pompéia Péret Britto da Rocha.
Livro: Escola de Belas Artes, UFMG: 65 Anos de Ensino-aprendizagem
em Artes
Organizadores: Mariana Tavares, Lucia Gouvêa Pimentel e Evandro José Lemos da Cunha
Editora Ramalhete
R$ 50 | 288 páginas