O Núcleo de Ações e Pesquisa em Apoio Diagnóstico (Nupad), órgão complementar da Faculdade de Medicina, que desenvolve pesquisa e processa 50 diferentes exames laboratoriais, como o de triagem neonatal – o teste do pezinho –, começou a realizar testes diagnósticos para a Covid-19. O Nupad é um dos sete laboratórios da UFMG envolvidos nessa empreitada por meio de parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES).  

A previsão é de que, até o fim do mês, a capacidade de realização dos exames pelo Nupad passe gradativamente de 120 testes por dia para, pelo menos, mil testes, conforme aumente o fluxo de chegada de kits e novos equipamentos. 

Segundo o diretor do órgão, professor José Nélio Januário, mesmo com experiência e domínio da técnica de padrão-ouro, a RT-PCR, utilizada para detecção de diversos vírus, incluindo o novo coronavírus, o núcleo precisou fazer algumas adaptações. “Apesar das máquinas serem parecidas, os kits também são diferentes. Compramos kits específicos para o coronavírus e aumentamos o número de equipamentos, como termocicladores, cabines de segurança e extratores de ácido nucleico”, explica.

Januário conta que também houve necessidade de adaptar a logística interna, esforço que contou com apoio da Fundep e da Faculdade de Medicina. As orientações técnicas foram repassadas pela Fundação Ezequiel Dias (Funed), também responsável pela habilitação dos outros laboratórios de pesquisa da UFMG.

“Trata-se de um momento de extrema importância para comprovar a nossa condição de servir à saúde pública. O teste é fundamental para o diahgnóstico e para que se verifique onde está circulando o vírus. Esse é um dos grandes gargalos no mundo todo. É uma oportunidade de ajudarmos com a estrutura de que dispomos”, afirma.

Segundo José Nélio Januário, essa parceria auxilia o estado a reunir dados mais fiéis da realidade sobre a proliferação da doença em seu território, a partir dos quais é possível estabelecer uma barreira epidemiológica e um controle adequado de seu avanço.

“Quanto mais testes fizermos, mais confiáveis serão nossos dados, como ocorre na Coreia do Sul, que fez a testagem massiva”, exemplifica o professor. “Mas esse não é um problema apenas do Brasil. Um artigo publicado em uma revista científica americana mostra que a dificuldade que encontram para incorporar laboratórios universitários nesse processo é a mesma que a nossa, do Rio de Janeiro, São Paulo e outros estados com grandes universidades”, completa.

Segundo o diretor da Faculdade de Medicina, Humberto José Alves, a ação mostra a relevância da UFMG no que diz respeito à educação, ensino, pesquisa e extensão. "A Faculdade está envolvida nessas áreas, mas principalmente em relação à saúde, mostrando a responsabilidade de uma instituição pública com o bem-estar da sociedade", afirma. "São muitas as ações de enfrentamento à Covid-19 que contam com o envolvimento de professores, estudantes, técnicos, entre outros colaboradores. Essa é mais uma delas”, afirma.

Parceria
A primeira fase da execução da parceria entre a UFMG e a SES-MG começou no início deste mês com o CT Vacinas, no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-Tec), o Laboratório de Vírus e o INCT Dengue, os dois últimos instalados no ICB.

O Nupad integra a segunda etapa do processo junto com o Aquacen (Escola de Veterinária), o Laboratório de RNA de Interferência (ICB) e o Laboratório Institucional de Pesquisa em Biomarcadores (Linbio), da Faculdade de Farmácia. 

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