Marcha pela ciência defende 'pacto pela vida'
Evento, organizado nacionalmente pela SBPC, ocorre nesta quinta em formato virtual; UFMG terá programação própria
Com o isolamento social imposto pela Covid-19, a edição 2020 da marcha nacional pela ciência, organizada anualmente pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), ocorrerá remotamente nesta quinta-feira, dia 7, por meio de seminários, debates e tuitaços nas redes sociais, sob o tema Pacto pela vida. A programação poderá ser acompanhada pelas redes sociais da SBPC e da UFMG.
A população poderá se mobilizar virtualmente, participando dos painéis on-line, compartilhando os eventos, notícias e chamadas sobre a Marcha pela Ciência em suas próprias redes sociais e ainda nos tuitaços programados para as 12h e 18h, com as hashtags #paCtopelavida e #FiqueEmCasacomaCiência.
Para a reitora da UFMG, Sandra Regina Goulart Almeida, que coordenará uma mesa, nesta quinta-feira, às 13:30, sobre as mobilizações da Universidade para o enfrentamento da Covid-19, a Marcha pela Ciência é essencial para sensibilizar e reforçar na sociedade brasileira o papel de relevância da ciência, do conhecimento científico, sobretudo "em um momento tão preocupante como este que enfrentamos”. Para a dirigente, "o conhecimento é o caminho para encontrar as respostas que a sociedade anseia”. Por isso, defende ela, “é necessário pensar na marcha como um movimento em defesa da vida e contra grupos políticos que, ideologicamente, têm pregado o negacionismo em relação ao conhecimento, têm tentado sufocar a educação pública por meio ações que objetivam a redução dos investimentos em ciência e tecnologia. “O momento é preocupante, é delicado, mas nós, das universidades públicas brasileiras, responsáveis por mais de 95% das pesquisas em nosso país, estamos seguros de nosso compromisso social em defesa de uma vida mais justa e igualitária”.
“O objetivo é chamar a atenção da população para a importância do aumento e da continuidade dos investimentos em ciência, como alternativa mais viável, não somente para ajudar o país a sair desta crise, agravada pela pandemia da Covid-19, como para dar rumo a um futuro menos desigual e mais democrático”, afirma o secretário regional da SBPC em Minas Gerais, o professor Luciano Mendes, da Faculdade de Educação da UFMG.
Em várias frentes
A atuação da UFMG no enfrentamento à pandemia, em várias frentes, é salientada pelo pró-reitor de Pesquisa, Mario Montenegro Campos: "Ela mostra como a ciência e a pesquisa contribuem para o desenvolvimento social e econômico dos países, mas também em momentos como este, em que gestores públicos precisam ser subsidiados pelo conhecimento científico para tomar as melhores decisões".
Segundo Mario Campos, a Universidade tem atuado por meio da fabricação de álcool em gel e equipamentos de proteção individual, da realização de testes clínicos com medicamentos e pesquisas para descoberta de vacinas, de análises estatísticas e da comunicação de informações confiáveis e seguras. “É importante que a marcha virtual ajude a ampliar a consciência sobre a necessidade de investimentos sólidos e duradouros na ciência, educação, pesquisa e tecnologia, para que as crianças, nas primeiras séries escolares, tenham seu interesse despertado por essas áreas”, acrescenta.
Derrubada da EC 95
A derrubada da Emenda Constitucional 95 (EC 95), que congela, até 2036, investimentos nas áreas da educação, saúde e assistência, é fundamental para aliviar o setor, na avaliação do professor Luciano Mendes. “Essa luta une a SBPC e a Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG) a centenas de outras instituições ligadas à educação, à pesquisa e à tecnologia, mas também à saúde e à assistência do país. A EC 95 é um crime contra a população brasileira, especialmente contra os mais vulneráveis, que dependem de políticas públicas”, afirma.
Segundo Mendes, a SBPC regional também reforça a necessidade do retorno regular das atividades da Fapemig para o fomento à pesquisa e o apoio à prefeitura de Belo Horizonte e ao estado na defesa da vida, no combate às pressões econômicas.
Para a pró-reitora de Extensão da UFMG, professora Cláudia Mayorga, “mais do que nunca é preciso defender a ciência brasileira, lutar pela ampliação do investimento continuado e rechaçar qualquer tipo de hierarquização ou desqualificação de algum campo científico específico, como tem ocorrido por meio dos ataques às ciências humanas”. Ela acrescenta: “Vamos defender uma ciência que contribua com a vida, com os direitos humanos, com uma sociedade justa e que seja construída com o compromisso de contribuir com a superação das desigualdades brasileiras e não o seu acirramento”.
A opinião é compartilhada pela diretora de Divulgação Científica da UFMG, professora Débora d’Ávila Reis, que considera este momento propício para o estreitamento do diálogo entre cientistas, parlamentares, educadores, estudantes, líderes de movimentos sociais, comunidades tradicionais e comunicadores populares.
“A pandemia do coronavírus exacerbou questões urgentes relacionadas às desigualdades sociais e econômicas, à descontinuidade de políticas públicas e ao sucateamento das instituições de ensino e fomento à pesquisa e do próprio Sistema Único de Saúde (SUS). E a ciência é uma grande esperança no enfrentamento de todas essas questões, mas não atua isoladamente. A marcha virtual é uma oportunidade para que todos participem desse diálogo”, convida Débora.
Pacto pela Vida
O tema da marcha virtual é inspirado no documento Pacto pela vida e pelo Brasil, publicado no dia 7 de abril. Formulado pela SBPC, CNBB, OAB, Comissão Arns, ABC e ABI, o texto recebeu o apoio de mais de uma centena de instituições e associações e pede a união de toda a sociedade, solidariedade e conduta ética e transparente do governo, tomando por base as orientações da ciência e dos organismos nacionais e internacionais de saúde pública no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus.
Programação
A programação nacional contará com a participação do professor da Faculdade de Medicina Unaí Tupinambás, que será um dos debatedores do painel sobre o enfrentamento da Covid-19 no Brasil, das 10h30 às 12h, e do professor Eduardo Mortimer, no show de encerramento, às 18h30. O segundo painel nacional será às 15h, sobre Ciência e tecnologia no Brasil: sucessos e desafios. Os três eventos serão transmitidos pelo canal da SBPC no YouTube.
A agenda local, que terá transmissão pelo YouTube da marcha regional (link estará disponível no horário de início do evento), será aberta às 8h10, com a mesa sobre divulgação científica em tempos de pandemia, que reunirá os professores da UFMG Débora d’Ávila Reis, diretora de Divulgação Científica, Yurij Castelfranchi, da força-tarefa Amerek, Valéria Raymundo, do Departamento de Comunicação e do Projeto Pensar a Educação, Pensar o Brasil, além de Leonardo Gabriel, do Cefet-MG. Às 9h, o debate será sobre o enfrentamento da pandemia pelas instituições.
Às 12h30, após o primeiro painel nacional e o tuitaço, pesquisadores da UFMG participarão de programação organizada pela Associação Nacional de Pós-graduandos (ANPG).
UFMG mobilizada
Na parte da tarde, a programação regional segue com o webinar Fique em casa com a ciência e com a UFMG: mobilizações da Universidade para o enfrentamento da Covid-19, a partir das 13h30. O debate reunirá a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, a professora Cristina Alvim, presidente do Comitê de Enfrentamento ao Coronavírus na UFMG, o diretor da Faculdade de Ciências Econômicas, Hugo Gama Cerqueira, e o professor Flávio Fonseca, pesquisador do Laboratório de Vírus do ICB e do CT Vacinas. O webinar será transmitido pelo canal da Coordenadoria de Assuntos Comunitários no YouTube, e o link ficará disponível no horário de início do evento.
Direitos humanos na pandemia, a partir das 16h30, e a ciência no Parlamento (com participação de reitores e parlamentares), a partir das 17h, são os temas das conversas que encerrarão a programação local.
Manifestações virtuais
Com o auxílio do Manif.app, aplicativo francês adaptado pela SBPC, os participantes poderão se manifestar virtualmente. Veja três dicas na figura abaixo.