Em evento on-line, UFMG reafirma compromisso com a inclusão e qualidade
Fórum discutiu, nesta sexta-feira, os impactos da pandemia no ensino superior
A preocupação com a inclusão e com a qualidade de ensino marcou as discussões do 1º Fórum on-line Impactos da pandemia no ensino superior, realizado nesta sexta-feira, 29, como parte do projeto Integração docente: ações formativas para as práticas pedagógicas, iniciativa da Pró-reitoria de Graduação (Prograd), do Centro de Apoio à Educação a Distância (Caed), da Diretoria de Inovação e Metodologias de Ensino (GIZ) e da Diretoria de Tecnologia da Informação (DTI).
Na abertura do evento, que teve tradução para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), a reitora Sandra Regina Goulart Almeida destacou a complexidade e as incertezas trazidas pelo momento de pandemia e a necessidade de pensar a retomada das atividades com base no diálogo com a comunidade acadêmica. “Qualquer que seja a decisão da Universidade, nós sabemos que se dará por meio de etapas em curto, médio e longo prazos, da reflexão e discussão com os vários setores da UFMG e da deliberação dos órgãos colegiados", afirmou.
Sandra Goulart reiterou a importância de que as ações sejam pautadas em valores como o respeito à autonomia universitária e às particularidades do contexto da instituição, uma das maiores do país. “Estar na educação superior, no nosso entender, é um direito, e a UFMG, ao longo dos anos, tem-se comprometido com essa missão maior do direito à educação. A nossa comunidade mudou muito nos últimos anos, principalmente com a Lei de Cotas. Hoje, 54% dos nossos alunos vêm de escolas públicas, então temos uma responsabilidade muito grande com a qualidade dos cursos, da qual não abrimos mão, com equidade e inclusão”, afirmou a professora, lembrando que o país também é marcado pela desigualdade digital. A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua – Tecnologia da Informação e Comunicação (Pnad Contínua TIC) de 2018 mostra que um em cada quatro brasileiros não tem acesso à internet.
Retomada em debate
A pró-reitora de Graduação, Benigna de Oliveira, abordou as repercussões da pandemia no ensino de graduação, cujas atividades presenciais, assim como as da pós-graduação e dos programas de extensão, foram suspensas no dia 18 de março, em razão das medidas adotadas para prevenir o avanço do coronavírus.
Ela apresentou as ações promovidas pela Prograd para planejar o retorno das aulas, incluindo a elaboração de ampla pesquisa para levantar dados sobre o acesso adequado a meios digitais e condições de estudo e consultas aos colegiados e aos núcleos estruturantes dos cursos para discutir questões como a oferta de disciplinas on-line. “O nosso projeto não é migrar totalmente para a educação a distância, é pensar em que momento podemos ter nessa modalidade o melhor do ensino presencial, aproveitando o potencial das tecnologias de informação e comunicação", ressaltou a a pró-reitora.
A interlocução com departamentos e professores também inclui pontos como o aproveitamento de atividades realizadas durante o período de suspensão das aulas presenciais, a revisão do calendário e eventuais escalonamentos e rodízios para os encontros presenciais, quando for recomendado pelas autoridades sanitárias e pelo Comitê Permanente de Enfrentamento ao Coronavírus da UFMG.
Veja a apresentação da professora Benigna.
Gestão democrática em tempos de crise
O professor Carlos Jamil Cury, emérito da FaE e da PUC Minas, analisou o princípio da gestão democrática do ensino público, incluso no artigo 205 da Constituição de 1988, e sua efetivação pela Universidade, desde a promulgação da Carta.
"A gestão democrática é a base do processo de decisão que tem apoio na deliberação, na autoridade compartilhada. Mais do que nunca, esse princípio transparece na UFMG e dá visibilidade à coparticipação que se expressa em inúmeras iniciativas, como as citadas pela professora Benigna. É uma gestão que faz brotar o novo e dá visibilidade aos seus atos", destacou Cury.
Professor da área de filosofia da educação da Faculdade de Educação, Bernardo Jefferson de Oliveira abordou as dificuldades que têm afetado o ensino superior, os movimentos que negam a ciência, como o terraplanismo, a destruição de marcos legais de proteção à saúde, à educação e ao meio ambiente, o machismo e o racismo estrutural. “Os desafios não são novos, mas foram exacerbados nos últimos meses e se tornaram ainda mais urgentes com a pandemia e o contexto social. O novo aqui é o encontro entre a pandemia e o pandemônio que enfrentamos", disse.
Para o docente, a crise, no entanto, pode ser uma oportunidade para repensar práticas pedagógicas e o projeto de educação. “Os professores sempre estiveram interessados nessas tecnologias, mas não se dedicavam a isso por falta de tempo e pelas outras tarefas, mas agora estamos aprendendo e descobrindo os limites desses recursos, como os ambientes virtuais”, analisou.
No encerramento do fórum, a mediadora e presidente do Comitê Permanente para Enfrentamento ao Coronavírus da UFMG, Cristina Alvim, adiantou que novos eventos serão realizados a fim de manter o diálogo e pediu união à comunidade acadêmica. “Com respeito às muitas diferenças, quero destacar a importância de estarmos unidos e conscientes da responsabilidade de sermos, todos nós, UFMG", concluiu.
Ações integradas
Proposto pela UFMG no contexto da pandemia, o projeto Integração docente: Ações formativas para as práticas pedagógicas tem o objetivo de oferecer capacitações e prestar auxílio aos professores da Universidade no desenvolvimento de atividades virtuais com o uso de tecnologias de comunicação.
A iniciativa, parceria da Prograd com o GIZ, o Caed e a DTI, oferecerá oficinas, cursos de curta duração, webinars e material de apoio. Todas as informações sobre as atividades ficarão reunidas em site que será lançado na primeira quinzena de junho.