'Uma escola de qualidade se faz com profissionais felizes e comprometidos', defende Luciano Mendes, da FaE
Durante a mesa-redonda Direito e educação, que integrou, na manhã de hoje, a programação da Conferência internacional sul-americana: territorialidades e humanidades, o professor Luciano Mendes Faria Filho, da Faculdade de Educação da UFMG, dissertou sobre a importância da expansão da escola pública no país e sobre o protagonismo das ciências humanas e sociais no mundo contemporâneo.
Segundo o professor, “uma escola de qualidade se faz com profissionais que se sintam felizes de nela atuar e que o façam com responsabilidade e compromisso”. “É fundamental que nossas sociedades reconheçam a importância dos professores da escola pública e lhes garantam condições dignas de vida e trabalho”, argumentou.
Luciano Mendes também defendeu a centralidade das ciências humanas e sociais nos currículos das escolas do mundo inteiro, o que “é condição fundamental para a compreensão de si e o entendimento entre os povos e nações”. “As humanidades se constituem justamente no diálogo com o outro. Elas podem contribuir para a crítica do lugar das ciências no mundo social e para reconhecimento da importância dos diversos saberes na estruturação, conservação ou transformação do mundo em que vivemos”, disse.
Territórios vulneráveis
Os resultados de estudos desenvolvidos no âmbito do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), em São Paulo, foram apresentados pelo professor Antônio Gomes Batista.
Segundo ele, nas grandes cidades ocorre o fenômeno da segregação socioespacial, que corresponde à discrepância de condições sociais entre as instituições localizadas no centro e as da periferia. “Tende a ser mais baixa a qualidade das escolas situadas em territórios vulneráveis”, afirmou.
Entre as circunstâncias negativas inerentes a essa marginalização, Antônio Batista mencionou o isolamento das escolas em relação a equipamentos e serviços e a tensão nas relações entre escola e famílias – já que, nesses locais, as famílias são vistas, pelos educadores, como relapsas e desestruturadas. “Além disso, os professores, à medida que progridem na carreira, deixam as escolas de bairros vulneráveis, o que também freia os avanços na qualidade do ensino”, pontuou.
No encerramento da atividade, as representantes do setor de mobilização e articulação comunitária do canal Futura, Vanessa Beco e Maria Correia, falaram sobre os projetos da emissora, com atuação em vários estados do Brasil, que produzem material audiovisual voltado para professores do ensino básico. “São trabalhados temas como democracia, meio-ambiente, saúde, infância, educação e desigualdade”, informou Vanessa.
A programação da Conferência internacional sul-americana: territorialidades e humanidades prossegue até sexta, dia 7, e pode ser consultada na íntegra no site do evento, que é promovido em parceria com a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) e Fapemig. A iniciativa, que integra as comemorações dos 90 anos da Universidade, é preparatória para a Conferência Mundial das Humanidades, que ocorrerá em Liège, na Bélgica, em 2017.