Uso da urina para diagnóstico da covid-19 é tema do ‘Aqui tem ciência’
Podcast da Rádio UFMG Educativa aborda resultados de tese que recebeu menção honrosa no Prêmio Capes
Pesquisa realizada no Programa de Pós-Graduação em Infectologia e Medicina Tropical da Faculdade de Medicina da UFMG sobre o uso da urina para a detecção de anticorpos contra o vírus Sars-CoV-2, causador da covid-19, foi uma das agraciadas com menção honrosa no Prêmio Capes de Tese 2023, promovido pela Comissão de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior. Em 2021, o método diagnóstico teve pedido de patente depositado, que aguarda aprovação do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
O uso da amostra de urina já havia sido testado para o diagnóstico de doenças como hepatite A, leishmaniose e dengue, mas ainda não existia estudo em relação ao Sars-CoV-2. A investigação, conduzida pela pesquisadora Fernanda Fonseca Ramos, comparou a eficiência da análise da urina com testes sorológicos, realizados com base na coleta de sangue, na identificação de anticorpos contra o coronavírus. Os experimentos foram realizados a partir do nucleocapsídeo (N) e da proteína Spike (S), partículas do vírus que, em contato com o organismo humano, estimulam a produção de anticorpos. Essas partículas foram produzidas em laboratório com auxílio de biotecnologia.
Foram analisadas aproximadamente 200 amostras de urina de indivíduos não vacinados até então, com o auxílio de parâmetros estatísticos conhecidos como escala de sensibilidade e especificidade, que vão de 0 a 100, e medem a precisão do teste em diagnosticar os casos verdadeiramente positivos, e a capacidade de identificar os casos verdadeiramente negativos, respectivamente.
Mais preciso e menos invasivo
Os resultados validaram a urina como amostra para diagnóstico da covid-19, com 94% de sensibilidade e 100% de especificidade, índices superiores às amostras de soro, que registraram 88% de sensibilidade e 100% de especificidade quando a proteína N é usada como parâmetro. A testagem com o uso da urina também se mostrou menos invasiva, com maior praticidade no armazenamento e na coleta, por não necessitar de um profissional coletor, possibilitando acesso a pessoas em locais remotos.
Para que o teste seja disponibilizado comercialmente, ainda são necessários novos experimentos, incluindo a análise de amostras de urina de pacientes vacinados, investimento de empresas do ramo e padronização pelos órgãos de saúde com outros testes do vírus de covid-19.
O trabalho foi realizado sob orientação do professor Eduardo Antonio Ferraz Coelho e co-orientação da professora Fernanda Ludolf Ribeiro de Melo, do Programa de Pós-graduação em Infectologia e Medicina Tropical. Foi financiado pela Capes, pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), pela Rede Vírus do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação e pela Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação (Sesu/MEC).
Saiba mais sobre o estudo no novo episódio do Aqui tem ciência:
Raio-x da pesquisa
O que é: tese de doutorado que apresenta investigação sobre a viabilidade da urina como amostra para o teste diagnóstico do vírus Sars-CoV-2 a partir da detecção de anticorpos em pacientes não vacinados.
Programa de Pós-graduação: Infectologia e Medicina Tropical
Autora: Fernanda Fonseca Ramos
Orientador: Eduardo Antonio Ferraz Coelho
Coorientadora: Fernanda Ludolf Ribeiro de Melo
O episódio 172 do Aqui tem ciência tem produção e apresentação de Bruno Pereira, edição de Alessandra Ribeiro e trabalhos técnicos de Cláudio Zazá. O programa é uma pílula radiofônica sobre estudos realizados na Universidade e abrange todas as áreas do conhecimento. A cada semana, a equipe da Rádio UFMG Educativa apresenta os resultados de uma pesquisa desenvolvida na Universidade. O programa vai ao ar na frequência 104,5 FM e na página da emissora, às segundas, às 11h, com reprises às sextas, às 20h, e fica disponível também em aplicativos de podcast, como o Spotify.