Vantagens e riscos da exposição dos adolescentes à internet serão debatidos neste sábado, no Espaço do Conhecimento
Se, por um lado, a internet cria condições para os adolescentes se divertirem, estudarem e se relacionarem, por outro, pode ser lugar de fuga, risco ou de sofrimento. Essa ambivalência dá o tom da próxima edição do projeto Café Controverso, do Espaço do Conhecimento UFMG, que tem como tema O adolescente e a internet: educação ou alienação?.
O encontro, programado para este sábado, dia 20, reunirá a psicóloga Julia Ramalho Pinto, sócia-diretora da Estação do Saber, e a escritora e professora Ana Elisa Ribeiro. "Se entendermos a Internet como um ambiente onde tudo é possível, ela pode ser um lugar de criação. Mas os jogos on-line, as redes sociais, os vídeos podem gerar um anteparo para o adolescente não enfrentar o impossível da adolescência", avalia Julia Ramalho.
De 2009 a 2013, a psicóloga coordenou o ETC-BH – encontro de tuiteiros de Belo Horizonte que discutia o impacto da internet e das redes sociais na sociedade e nos indivíduos – e acompanhou de perto os jovens em suas experiências pela rede.
Para Ana Elisa Ribeiro, as muitas preocupações com a vida dos adolescentes na internet têm algum fundamento. "Mas temos que entender como funcionam as coisas que existem hoje, as possibilidades dessa moçada. Também é preciso adotar uma espécie de curadoria para os usos que os jovens fazem da rede", defende a escritora.
Como mãe, a principal preocupação de Ana Elisa é o vício de a pessoa ficar o tempo todo, especialmente em férias, mergulhada nas atividades digitais. "Se não houver uma atividade interessante fora da rede, como futebol, luta e inglês, a pessoa não sai de casa e só tem amigos virtuais, alguns que ela nunca verá. Embora seja positivo conhecer gente de todos os lugares, sotaques e até línguas, é preciso interagir com o que está fisicamente perto", argumenta.
O Café Controverso será realizado na cafeteria do Espaço do Conhecimento, a partir das 11h, com entrada franca.
À mão
A Internet está cada vez mais presente e à mão de crianças e adolescentes brasileiros. Dos grupos de usuários que mais recorrem a celulares para acessar a internet, os adolescentes se destacam. Mais de 50% dos jovens que têm de 10 a 14 anos e 80,8% daqueles de 15 a 17 anos navegam pelo celular.
As informações são do estudo Suplemento de Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) 2014, divulgado em abril deste ano, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Pela primeira vez no país, o celular superou o uso de computador para o acesso à rede mundial.