Boletim

Nº 1939 - Ano 42 - 08.05.2016

Arquivo Brasil

As nuances do saber

Processos envolvidos na construção do conhecimento são abordados em nova exposição interativa temporária de museu da UFMG na Praça da Liberdade

O que inventamos para medir o tempo, os tamanhos, os pesos?  Algum saber é mais importante do que outro? Como são construídos modelos e protótipos? Essas são algumas das questões que a mais nova exposição Processaber, que será aberta nesta semana, no Espaço do Conhecimento UFMG, utiliza para provocar no público reflexões sobre aspectos do processo do conhecer. 

Manequim da coleção do Museu do Cotidiano: exemplo de objeto que ajuda o homem a conceber e visualizar o ambiente que o cerca
Manequim da coleção do Museu do Cotidiano: exemplo de objeto que ajuda o homem a conceber e visualizar o ambiente que o cerca Dânia Lima

A mostra, que permanece no museu de 13 de maio a 25 de setembro, integra o projeto de concepção de uma futura exposição de longa duração para o Espaço. Sua pesquisa e montagem foram financiadas pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e envolveu grupo interdisciplinar de professores e estudantes da UFMG.

Para discutir as nuances e conexões que perpassam a reflexão sobre o conhecimento, a exposição convida o visitante a exercitar seus sentidos, sua curiosidade e olhar crítico. Foram trabalhados aspectos como as formas de mensuração, as tentativas de criar padrões, comparar e estabelecer unidades universais de medidas, inventar e construir instrumentos e índices. 

Na exposição, um jogo interativo mostra como são estabelecidos índices como o de Desenvolvimento Humano (IDH) e o de Felicidade Interna Bruta (FIB). Também são empregados instrumentos, testes e aparelhos que representam algumas das tentativas desenvolvidas pela humanidade de compreender o funcionamento da mente e do comportamento. 

Os visitantes também poderão conferir uma variedade de objetos curiosos que integram a coleção do Museu do Cotidiano, reunida por Antônio Carlos Figueiredo. A montagem também agrupa galeria de maquetes, manequins, formas de sapateiros e moldes de costureiras que exemplificam objetos construídos para auxiliar o homem a conceber, visualizar e compreender o ambiente que o cerca.

Associações sutis 

Em todo o andar ocupado pela Processaber, optou-se pela utilização de elementos que remetem às oficinas, à ideia de processo e

de construção. Faz-se ainda uma espécie de brincadeira com a utilização de cores complementares que, ao longo da exposição, “neutralizam-se” e convidam o visitante a perceber as interdependências, conexões e aproximações dos temas trabalhados. “Nosso interesse não é, por exemplo, demonstrar as diferenças entre as formas de medir utilizadas pela ciência e no nosso cotidiano, mas pensar nas medidas e nas maneiras de conhecer o mundo, questioná-lo e interpretá-lo”, explica Verona Segantini, coordenadora da exposição juntamente com Bernardo Jefferson e Cristiano Cezarino. 

Há muita mitificação das formas de criação do conhecimento. Em geral, elas são associadas à ideia da ciência de ponta e laboratórios sofisticados

De acordo com o trio, a importância da montagem está associada ao trabalho com as dimensões mais cotidianas da produção do saber. “Há muita mitificação das formas de criação do conhecimento. Em geral, elas são associadas à ideia da ciência de ponta e laboratórios sofisticados”, lembra Jefferson. No entanto, complementa Cezarino, “os processos que geram o saber são semelhantes àqueles de que todas as pessoas se valem para organizar ideias, transmitir pensamentos, usando instrumentos e linguagens diferentes, mas equivalentes”.

Refresco

Para a coordenadora do Núcleo de Expografia do Espaço do Conhecimento, Tereza Bruzzi, as exposições temporárias representam um mecanismo importante para o diálogo com o público e reflexão crítica sobre o que a instituição propõe. “Elas trazem um refresco para a estrutura do museu, convida-nos a parar, repensar e recortar os assuntos trabalhados, mas de forma mais leve. O visitante recebe estímulos para voltar e criar vínculos, o que é muito importante. Além disso, todas as vezes que abrimos uma exposição, confrontamos as questões que precisamos discutir e repensar no momento.” 

A professora destaca ainda a importância de dialogar com outras instituições da cidade. “Uma exposição de curta duração também possibilita a construção de novas pontes de articulação para o museu, janelas de conversas com outros atores. No caso da Processaber, pudemos iniciar uma conversa com um espaço que está se instituindo na cidade, o Museu do Cotidiano”, finaliza Tereza.

Exposição Processaber
Período de visitação: 13 de maio a 25 de setembro de 2016
De terça a domingo, das 10h às 17h. Quinta-feira, das 10h às 21h. Entrada gratuita
Local: Espaço do Conhecimento UFMG – Praça da Liberdade, 700

Da redação*