Boletim

Nº 1967 - Ano 43 - 05.03.2017

Vida nova

Com alegria e sen opressão

Iniciativas solidárias e de interação de veteranos e novatos se multiplicam na Universidade

Nos últimos anos, alunos de diversos cursos aderiram a alternativas ao trote para recepcionar os calouros. Entre as iniciativas, estão atividades lúdicas como gincanas, competições esportivas, jogos e brincadeiras. Ações solidárias também vêm se consolidando como forma de interação entre veteranos e novatos: estudantes da Escola de Engenharia e dos cursos de Medicina e Comunicação Social já promoveram campanhas de doação de sangue, cadastramento para doação de medula, revitalização de escolas públicas e arrecadação de produtos para instituições beneficentes.

A associação discente Engenharia Solidária promove gincana beneficente com os calouros dos cursos de engenharia, com o objetivo de criar uma competição para estimular a arrecadação de produtos de higiene pessoal. A equipe vencedora recebe cortesias para um festival de sorvete realizado pela associação. Visitas a orfanatos, abrigos e creches geram pontuação para os participantes da gincana. 

“Muitos alunos sentem a necessidade de participar de ações solidárias e acreditam que não vão encontrar essa oportunidade na Universidade"

A disputa se estende por cerca de um mês, a partir do início das aulas, e ocorre durante todos os semestres, há quase dois anos. Segundo Bruna Ribeiro Campos, uma das coordenadoras da iniciativa, o grupo pretende promover o contato de estudantes com a realidade das pessoas carentes. “Muitos alunos sentem a necessidade de participar de ações solidárias e acreditam que não vão encontrar essa oportunidade na Universidade. Esse é um dos motivos para a criação da gincana. A experiência é muito engrandecedora”.

Para o primeiro semestre letivo de 2017, os coordenadores esperam maior adesão dos calouros em relação aos anos anteriores. “Vamos tentar atingir todos os cursos do prédio”, idealiza Bruna. Os veteranos da Engenharia ainda pretendem organizar um piquenique para recepcionar os novatos. A interação ocorre em uma roda de conversas, na qual os novos alunos podem tirar dúvidas sobre os cursos.

Medicina

No curso de Medicina, a turma 152, do segundo período, coordena duas ações de recepção aos calouros: arrecadação de alimentos não perecíveis, produtos de limpeza e higiene pessoal, brinquedos e doação de sangue e cadastramento de doadores de medula óssea.

A campanha de doação de sangue já é tradicional no curso. No primeiro semestre letivo de 2017, a iniciativa ganhou o apoio do Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) e foi estendida para todos os cursos do campus Saúde. ”A ação pretende aproximar o aluno do ambiente hospitalar e reforçar a importância da doação de sangue para salvar vidas”, explica Rodrigo Mesquita, um dos organizadores da ação. 

De 12 a 16 de março, calouros e veteranos interessados em participar da campanha terão seus dados recolhidos para posteriormente comparecerem ao Hemominas. Com a ampliação da campanha no campus Saúde, os organizadores esperam atingir cerca de 250 doações.

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O trote estudantil é oficialmente proibido na UFMG desde 2014, conforme resolução aprovada pelo Conselho Universitário. O documento veta a realização de atividades que envolvam discriminação, agressão, coação e danos ao patrimônio público e prevê punições para os envolvidos nessa prática. A resolução, disponível em página específica no Portal UFMG, também foi distribuída aos calouros durante o registro acadêmico. 

O documento ressalta que a proibição considera o compromisso da Universidade “com a formação cidadã de seu corpo discente, com a valorização da autoestima, da solidariedade social, da ética, dos direitos humanos e do respeito à vida”. 

De acordo com o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Tarcísio Mauro Vago, não pode haver confusão entre alegria e uma recepção que oprima os estudantes, ainda mais em um momento de adaptação e vulnerabilidade dos novos estudantes: “Somos favoráveis a uma recepção festiva, mas o trote humilhante, racista, sexista e homofóbico não cabe entre nós”, sustenta o pró-reitor.

Natiele Lopes