Diabetes na gravidez
Espaço do Conhecimento reúne obstetra e endocrinologista para debater os riscos e cuidados com a hiperglicemia na gestação
A receita é antiga: a prática regular de atividades físicas e a alimentação balanceada fazem bem para a saúde de qualquer pessoa. Para as mulheres grávidas, esses hábitos são ainda mais importantes, pois é cada vez maior o número de diagnósticos de diabetes entre elas. Esse crescimento revela que as futuras mães devem estar atentas quando o assunto é o próprio bem-estar e o do bebê.
Caracterizada pela hiperglicemia – o aumento das taxas de açúcar no sangue –, a doença está associada a problemas na secreção de insulina, hormônio produzido no pâncreas. Existe hoje uma epidemia da diabetes tipo 2, a mais comum, relacionada ao sobrepeso e à obesidade. De acordo com a Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia, 90% dos diabéticos apresentam essa forma da patologia. Segundo a endocrinologista Bárbara Érika Sousa, médica vinculada à Unimed-BH, à Maternidade Odete Valadares e ao Instituto Mário Penna, entre as grávidas diabéticas, há as que já tinham o distúrbio e aquelas que o desenvolvem, em razão de hormônios placentários na segunda metade da gestação.
Barbara Sousa e a obstetra Suzana Rio, que também integra o corpo clínico da Maternidade Odete Valadares, participarão neste sábado, 25, às 10h, no Espaço do Conhecimento, do Café Controverso: Saúde em Pauta, que discutirá diabetes na gravidez e suas implicações na saúde do bebê. O debate, promovido em parceria com o Instituto Unimed-BH, tem participação gratuita e sem restrição de público, que pode interagir com as palestrantes por meio de perguntas.
Mais diagnósticos
Sedentarismo, ingestão frequente de alimentos processados e aumento de peso. Esses fatores são responsáveis pelo alastramento da diabetes pelo planeta e pelo aumento do número de grávidas com o distúrbio. A idade da mulher é um fator de risco para a patologia. Suzana Rio destaca que, atualmente, mais mulheres engravidam após os 30 anos, uma das razões para o aumento de diagnósticos.
A descoberta desse aumento de casos de deve ao maior rigor no exame de rastreamento da diabetes, como esclarece Susana, também doutora em Ginecologia e Obstetrícia pela UFMG e preceptora da residência médica na Odete Valadares. “Embora o teste utilizado seja o mesmo, os valores foram alterados para melhorar o perfil glicêmico da gestante”, afirma a médica.
Cuidados e benefícios
O parto de um bebê gordinho nem sempre é um bom sinal. O descontrole da glicemia durante a gravidez pode resultar no nascimento de uma criança maior, pesando mais de quatro quilos. Mas esse não é o único resultado de uma vida intrauterina com muita glicose. “Essa criança pode apresentar maior risco de obesidade, problemas cardiovasculares, doenças psiquiátricas e dificuldade de aprendizado ao longo da vida”, enumera Susana Rio.
Bárbara Érika Sousa, que também é mestranda do Programa de Saúde do Adulto da Faculdade de Medicina da UFMG, destaca ainda a possibilidade de má-formação nas sete primeiras semanas de gestação, na hipótese de a mãe já ser hiperglicêmica antes do momento da concepção. Mesmo que os efeitos da doença sejam complexos, o tratamento é simples. De acordo com a endocrinologista, em 85% dos casos, dieta e exercícios físicos são eficazes contra a diabetes gestacional. As mães que precisarem do tratamento com insulina também não precisam se preocupar, pois o hormônio não faz mal à criança.