Foco nas atividades-fim
Para fazer frente à retração orçamentária, UFMG investe recursos próprios em iniciativas acadêmicas
Diante do forte impacto da retração de financiamento sobre as atividades acadêmicas, uma iniciativa institucional está direcionando recursos próprios da UFMG para áreas consideradas fundamentais: estruturação de laboratórios para ações de graduação, fomento de produtos destinados à educação básica e apoio a mestrados profissionais, a doutorandos e a docentes com perfil júnior.
Como explica a reitora Sandra Regina Goulart Almeida, trata-se de um conjunto de ações de fomento para estimular processos ligados ao ensino, à pesquisa e à extensão, atividades-fim da Universidade. “O objetivo é oferecer o necessário apoio em um momento em que a produção acadêmica da UFMG se destaca, mas o aporte das agências de fomento tem-se retraído”, afirma a reitora.
Disponibilizados por meio de editais das pró-reitorias acadêmicas – Graduação, Pesquisa, Extensão e Pós-graduação –, os valores serão aplicados nos próximos meses. Recursos próprios são aqueles provenientes de fontes como convênios e prestação de serviços e não de repasses do governo federal.
Laboratórios
Propostas ao Programa de Apoio a Projetos Estruturantes de Laboratórios para o Ensino de Graduação (Paleg 2018) podem ser enviadas até 31 de outubro. O objetivo da iniciativa é estruturar laboratórios para atividades de graduação por meio do suporte financeiro a ações inovadoras. São financiáveis equipamentos específicos para esses laboratórios, custos de instalação e manutenção de equipamentos, material de consumo, pagamento integral ou parcial de contratos de manutenção e de serviços de pessoa jurídica de caráter eventual. Cada proposta apoiada receberá, no máximo, R$ 200 mil.
De acordo com a pró-reitora de Graduação, Benigna Oliveira, a chamada atende a uma demanda da comunidade acadêmica, que carece de fontes de financiamento para a estruturação de laboratórios para o ensino de graduação. “Nosso objetivo é estimular e consolidar ações inovadoras e integradoras que contribuam para o desenvolvimento de atividades de ensino-aprendizagem-avaliação mais interativas e colaborativas”, comenta. “Esperamos que, com o apoio a esses laboratórios, sejam introduzidas novas metodologias pedagógicas e atividades didáticas que contribuam para a melhoria do ensino nos cursos de graduação”, acrescenta a pró-reitora. A chamada prevê que cada congregação de unidade acadêmica submeta até duas propostas.
Perfil júnior
Três editais da Pró-reitoria de Pós-graduação (PRPG) disponibilizaram o montante de R$ 250 mil de recursos próprios da UFMG para apoio financeiro a mestrados profissionais, a doutorandos e a docentes com perfil júnior. Ao todo, 80 propostas foram contempladas.
O Programa de Apoio aos Mestrados Profissionais (Pamp) tem o objetivo de fomentar a presença de professores visitantes nos cursos dessa modalidade na UFMG, para missões de ensino e pesquisa de curta duração. Propostas de cinco cursos foram aprovadas, e dez docentes de outras instituições participarão de atividades na Universidade.
Quarenta e sete propostas foram contempladas no Programa de Apoio a Doutorandos (Pado), que oferece suporte financeiro à participação de pesquisadores em missões técnicas e apresentação de trabalhos em eventos científicos no país e no exterior. Viés semelhante tem o Programa de Apoio a Docentes com Perfil Júnior (Padoc Jr.), que oferece recursos financeiros a professores com até sete anos de doutoramento que queiram apresentar trabalhos científicos no país e no exterior. Vinte e três professores tiveram seus pleitos aprovados.
“Mesmo com dificuldades orçamentárias, procuramos atender programas e pesquisadores com menos acesso a fontes de financiamento e que precisam de mais suporte para se consolidarem”, afirma a pró-reitora adjunta de Pós-graduação, Silvia Alencar. A esse esforço soma-se a manutenção, na atual gestão, do programa institucional de auxílio à pesquisa de docentes recém-contratados ou recém-doutorados, iniciativa da Pró-reitoria de Pesquisa.
Educação básica
Também com recursos próprios da Universidade, a Pró-reitoria de Extensão (Proex) lançou, em agosto deste ano, edital de fomento a produtos destinados à educação básica, oriundos de programas e projetos de extensão. A intenção foi financiar formas distintas de compartilhamento do conhecimento, como cartilhas, sites e vídeos, não só para o público acadêmico, mas para diversos setores da sociedade.
O edital é parte de um conjunto de ações da Proex com o intuito de estreitar relação com a educação pública e construir ações que contribuam “para enfrentar um abismo histórico que existe entre universidade pública e a educação básica pública”, explica a pró-reitora de Extensão, Cláudia Mayorga. Segundo ela, é necessário compreender que o conhecimento gerado nas ações de extensão pode ser difundido e compartilhado de várias formas, além dos tradicionais formatos de artigos acadêmicos, teses, dissertações e livros.