Educação e dupla morbidade
Pesquisa associa escolaridade materna a distúrbios nutricionais concomitantes em mãe e filho
A baixa escolaridade materna (até oito anos de estudo) é um dos fatores associados à dupla carga de morbidade – excesso de peso da mãe e baixa estatura de seus filhos – em um mesmo domicílio. A conclusão é de pesquisa de doutorado recém-concluída por Tatiane Géa Horta Murta, no Programa de Pós-graduação em Enfermagem.
“Mães com menor escolaridade têm menor participação no mercado de trabalho e rendimentos mais baixos e instáveis. Além disso, a menor escolaridade se associa a maior ineficiência de alocação dos recursos financeiros e cognição na compra de alimentos saudáveis para os membros do domicílio”, explica a pesquisadora, que foi orientada pelo professor Jorge Gustavo Velásquez Meléndez.
Esse fato pode justificar o excesso de peso, em especial entre os adultos, e o déficit de estatura em crianças mais vulneráveis às carências nutricionais
De acordo com Tatiane, as famílias, nessa situação, muitas vezes, em razão do menor custo, adotam práticas alimentares compensatórias, como o aumento do consumo de alimentos de alto valor calórico – refrigerantes, enlatados e doces – em detrimento daqueles de melhor qualidade nutritiva. “Esse fato pode justificar o excesso de peso, em especial entre os adultos, e o déficit de estatura em crianças mais vulneráveis às carências nutricionais”, diz a autora.
O estudo foi baseado na última Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS), realizada em 2006, em que foram entrevistadas aproximadamente 4.700 mulheres em idade fértil, de 15 a 49 anos, e seus filhos menores de cinco anos. Os resultados da pesquisa atestam também que a prevalência de baixa estatura foi maior nas crianças que residiam na região Nordeste e que o excesso de peso foi maior nas mães que não amamentaram.
Tese: Fatores associados a desfechos nutricionais em mães e crianças brasileiras
Autora: Tatiane Géa Horta Murta
Orientador: Jorge Gustavo Velásquez Meléndez
Defesa em 26 de fevereiro de 2016, no Programa de Pós-graduação em Enfermagem