Quanto do seu salário um jovem profissional recém-ingressado no mercado de trabalho precisa economizar mensalmente, e por que período de anos, para que, após a sua aposentadoria, ele tenha um volume de riquezas tal que seja capaz de manter seu padrão de vida sem novos ingressos financeiros? Como calcular esse investimento? Quais os possíveis riscos? Se você pensa em questões como essas você pensa como um profissional das ciências atuariais, ramo do conhecimento que analisa, calcula e minimiza as incertezas que envolvem essa questão.

O exemplo refere-se apenas ao cálculo da previdência mas, segundo o Instituto Brasileiro de Atuária, atuários e atuárias são profissionais preparados para mensurar e administrar riscos nos mais diversos casos. Para isso, são necessárias habilidades matemáticas, de estatística e probabilidade para resolver problemas de risco ou incerteza, sempre pensando no futuro.

A atuária, nome pelo qual as ciências atuariais também são conhecidas, é dividida entre dois ramos: o vida e o não-vida. O ramo vida envolve análises relacionadas a indivíduos, como risco de sobrevida e sobrevivência em seguros de vida, previdências e seguros-saúde. Já o ramo não-vida lida com seguros e prevenção de riscos não-humanos, como seguros de carro ou residência. Nos últimos anos, também tem crescido no ramo não-vida a atuação na área ambiental, com análises do risco de mudanças climáticas ou probabilidade de chuvas em períodos de seca, por exemplo.

Na UFMG, a primeira turma de ciências atuariais foi ofertada em 2001, numa parceria entre os Departamentos de Estatística e Demografia, do Instituto de Ciências Exatas (Icex). O curso é multidisciplinar, com forte base em matemática, estatística, programação e demografia. A formação é complementada com habilidades em aspectos contábeis, administração geral e financeira, análises estatísticas de riscos e projeções para o futuro, conhecimentos necessários para serem feitos cálculos de seguros e análises de riscos.

Os estudos em demografia são um diferencial da graduação na UFMG. Necessários para o ramo-vida, eles são uma das razões pelas quais os atuários também são chamados de matemáticos sociais, afinal estes profissionais devem realizar análises financeiras, matemáticas e estatísticas levando em conta a dinâmica econômica e social.

Mateus Salles, 21, se formou em ciências atuariais em 2018 e já está no mercado de trabalho. Morando atualmente em Contagem, região metropolitana de Belo Horizonte, ele trabalha no setor de precificação do mercado de saúde suplementar. “Nós realizamos estudos para calcularmos os valores que as operadoras devem cobrar, para cumprir suas obrigações e manter seu equilíbrio econômico-financeiro e atuarial”. Para ele, as ciências atuariais são definidas pela diversa gama de estudos. “A atuária é uma ciência bela, com uma pluralidade de conhecimento. É essencial entender a dinâmica social, empresarial e de mercado, para expressar o seu trabalho em números. Mesmo que sejamos uma profissão extremamente de mercado, é importante ter noção de que nossas decisões nas organizações impactam a vida de milhares de pessoas”. 

O mercado de trabalho para a atuária cresceu nas últimas duas décadas, havendo grande demanda de profissionais pelo país, principalmente nas grandes cidades. Pode-se atuar com fundos de pensão, seguradoras ou operadoras de planos de saúde, por exemplo. Também é possível seguir carreira acadêmica e buscar especialização em diferentes áreas de estudo, tais como estatística, demografia, economia, finanças e ciências atuariais, no Brasil ou no exterior.

Para Mateus, uma parte importante do mercado de trabalho é a rede de contatos, chamada de networking no meio empresarial. “O mercado atuarial é relativamente pequeno, pode-se dizer que todo mundo se conhece. O nosso networking começa logo dentro da universidade, então é essencial se relacionar bem com os colegas do curso, com os professores e todos aqueles que possam contribuir na sua formação”.

Para saber mais

Estrutura curricular: https://ufmg.br/cursos/graduac...
Relação de candidatos por vaga em 2018: 8,92
Nota de corte no Sistema de Seleção Unificada (Sisu) em 2018: 703,44
Avaliação no Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade): curso ainda não foi avaliado