Exposição de Nana Coelho, no Centro Cultural, explora a angústia da autorreflexão
A exposição Só mais uma das coisas, trabalho individual da artista visual Nana Coelho, estudante da UFMG, mescla pinturas, gravuras e instalação escultórica para instigar o público a explorar a angústia da autorreflexão, o delírio em querer e os caminhos do sentir. A mostra pode ser visitada na sala Ana Horta, no Centro Cultural UFMG, até 27 de outubro. A entrada é gratuita e tem classificação etária livre.
A artista vale-se de paisagens quebradas e espelhos distorcidos para expressar o que não pode ser traduzido em palavras e as emoções que não consegue sentir. Sobre suas obras, Nana Coelho afirma: “se pintasse por vezes suficientes, talvez encontrasse quem eu sou de verdade em um desses reflexos. Vejo, através do vidro, uma janela para um lugar além de mim e te convido a observar cada tela, como um portal para algo além de nós”.
Conexão com a terra
Ao explorar os caminhos do sentir em meio à dualidade entre natureza e cidade, as obras transmitem uma conexão com a terra mesmo estando preso ao ambiente urbano. A artista explora o poder infinito em cada imagem, que manifesta ideias em realidade, enxergando a arte como “portas para o passado e janelas para o futuro“, em memórias e desejos que se confundem se são reais ou imaginárias.
“Somente a imagem não comporta tudo isso, então ela transborda em objeto. Coisas que crio e outras que coleto como parte também da materialização do que é sonhado. São flores que vejo nascer, crescer e morrer. Elas secam e fossilizam, como a terra que sangra, queima e vira cerâmica. Árvores que cortei para decompor em papel, apenas para reconstruir em uma outra árvore que já nem respira. Para sempre preservadas e irreparavelmente mortas, na ânsia de permanecer esquecemo-nos de apenas ser. Na vontade de existir, me prendo com garras e dentes a só mais uma das coisas, que me lembram outras”, completa Nana Coelho.
A artista
Natural de Belo Horizonte, Nana Coelho, de 24 anos, está concluindo sua formação em Artes Visuais na Escola de Belas Artes na UFMG. Seus trabalhos permeiam o âmbito da gravura, escultura e instalação, com foto em pintura. Nana explora o pensamento dos rituais e a simbologia da bruxaria como arte e linguagem e transporta o espectador ao limbo entre o real e o imaginado, o desejo e o desespero. Suas obras refletem sobre a dualidade entre natureza e cidade e instiga reflexão sobre autorretrato nas perspectivas do corpo, do gênero e da identidade.