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Em recepção, calouros serão convidados a assumir cidadania e papel transformador

de agosto, com aulas magnas, apresentações musicais, passeio por equipamentos culturais e um bate-papo sobre a vida acadêmica. As atividades serão realizadas no Centro de Atividades Didáticas de Ciências Naturais (CAD 1).

O objetivo da tradicional iniciativa é oferecer um panorama sobre o funcionamento da Universidade, suas bases, valores e oportunidades, além de apresentar aspectos da vida acadêmica, como assistência estudantil, intercâmbio internacional, participação em iniciação científica e em projetos de extensão.

Duas aulas magnas serão proferidas pela manhã e à noite. Às 9h, Nívio Ziviani, professor emérito do Departamento de Ciência da Computação, vai discutir com os novos alunos a oportunidade que terão na Universidade de adquirir conhecimento qualificado e, consequentemente, de atuar como agentes transformadores do mercado de trabalho.

Às 19h, a professora Magda Neves, aposentada do Departamento de Ciência Política da UFMG, pretende “mostrar a importância de cada aluno assumir sua cidadania”, de modo a ter uma inserção na sociedade de acordo com os valores de solidariedade, equidade e inclusão social, que são compromissos da UFMG.

Após as duas conferências, haverá apresentação do Grupo de Percussão da UFMG, coordenado pelos professores Fernando Rocha e Fernando Chaib, da Escola de Música.

No fim da tarde, às 17h30, uma conversa sobre a vida acadêmica na UFMG será conduzida pelos pró-reitores Ricardo Takahashi (Graduação), Tarcísio Mauro Vago (Assuntos Estudantis), Benigna Oliveira (Extensão), pelo diretor de Relações Internacionais, Fábio Alves, e por um integrante do Diretório Central dos Estudantes (DCE).

Segundo Tarcísio Vago, “a Universidade acolhe com muito carinho seus novos estudantes, que a enriquecem com sua presença, ao trazerem para ela novos sonhos, novas experiências, novas possibilidades”. Na conversa, o pró-reitor de assuntos estudantis vai convidar os alunos que chegam a “viver a UFMG”, tornando-a seu lugar de estudos, amizade, sociabilidade “e de afirmação de seu compromisso com a construção de um país democrático, justo e fraterno, e, assim, fazer jus ao investimento público que estão recebendo do povo brasileiro”.

Universidade: por quê?
Cofundador de empresas como a Akwan Information Technologies, que se transformou no Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) do Google na América Latina, o professor Nívio Ziviani vai lembrar os calouros que a sociedade vem passando por transformações importantes nas relações entre trabalho e renda, com o advento da internet e da tecnologia associada a essa área.

Segundo ele, existe previsão de que um terço dos empregos, tais como hoje são conhecidos, sejam extintos até 2025. “A maior parte desses empregos deverá ser substituída por automação de tarefas cognitivas, sendo a inteligência artificial o núcleo dessa transformação”, alerta o pesquisador, que é membro titular da Academia Brasileira de Ciências (ABC) e atua nas áreas de algoritmos, recuperação de informação, sistemas de recomendação, compressão de textos, aprendizagem de máquina e áreas relacionadas.

Ao lembrar que a UFMG é um centro de saber de alto nível, considerada uma das melhores universidades do país, Ziviani dirá aos calouros que, durante o curso, terão oportunidade de adquirir conhecimento qualificado que os capacitará a ser agentes transformadores do mercado de trabalho.

“É fundamental que o aluno reconheça a importância de assumir uma postura ativa durante a sua formação, para que possa transformar o conhecimento adquirido em riqueza para a sociedade, na forma de empreendimentos inovadores, considerando o que vai ocorrer no futuro próximo em todas as áreas do conhecimento”, defende o professor.

Cidadania
Na conferência Uma universidade para todos, Magda Neves vai ressaltar a importância da UFMG para a sociedade como instituição pública, gratuita e de qualidade, que agora comemora 90 anos. A professora vai lembrar que, além de preparar profissionais competentes para o mercado de trabalho, a Universidade tem compromisso fundamental com os alunos “de desenvolver uma educação baseada em valores como solidariedade, equidade e inclusão social”.

Nesse contexto, diz Magda Neves, cada aluno deve assumir sua cidadania, “no sentido de ter uma inserção na sociedade de acordo com esses valores”. Ela destaca o papel essencial das universidades públicas, nos últimos anos, “na implementação de políticas de inclusão social, dando oportunidades a um maior número de jovens no acesso ao ensino superior”.

A professora também vai abordar a presença crescente das mulheres na universidade e no mercado de trabalho. “A política de equidade de gênero tem sido uma busca constante, com o intuito de possibilitar oportunidades iguais para as mulheres em todas as áreas”, comenta Magda Neves, que atua como pesquisadora dos temas trabalho, reestruturação produtiva, trabalhadores, gênero, cidadania e sindicalismo, trabalho e cidade. “A universidade pública vem atuando positivamente nesse campo, mas é necessário investir mais nessa direção”, reitera.

Pertencimento
Em vídeo produzido pela TV UFMG (acima), o pró-reitor adjunto de Assuntos Estudantis, Rodrigo Ednilson, destaca a importância da autodeclaração consciente. Ele lembra que as políticas de ações afirmativas na UFMG foram implantadas em 2009, na modalidade de bônus e, a partir de 2012, na modalidade de cotas e reservas de vagas, em acordo com a lei federal.

Ambas pressupõem autodeclaração racial, que é o reconhecimento do próprio pertencimento, baseado em características fenotípicas e na dimensão da ancestralidade. “A autodeclaração diz sobre aquilo que você é, e, no Brasil, temos poucos momentos para refletir sobre o pertencimento racial”, alerta o professor da Faculdade de Educação.

“Ao entrar na universidade, você é obrigado a dizer seu pertencimento racial por meio da marcação de um X. Considerando que a autodeclaração é elaborada para garantir o direito à universidade, ela não pode ser usada para ferir o direito do outro, por isso, deve haver a responsabilidade de uma declaração consciente”, diz Rodrigo Ednilson.