Reunião da SBPC tem mesas sobre ensino de ciências e cortes no orçamento
Professores da UFMG discutem impacto dos cortes nas Humanidades e renovação do modelo de educação básica brasileiro
As recentes mudanças vividas pelo ensino de ciências no Brasil – reestruturação do Ensino Médio, criação da nova Base Nacional Comum Curricular – e os cortes infligidos à área de ciência e tecnologia do país tematizam as discussões de duas mesas-redondas na tarde de hoje, quinta-feira, 26, na 70ª Reunião da SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), que está sendo realizada em Maceió, Alagoas.
Eduardo Mórtimer, professor Faculdade de Educação (FaE) da UFMG que integra a mesa O Ensino da Ciência no Brasil: para onde vamos?, defende que o modelo atual da educação básica brasileira é falho, e demanda renovação. De fato, segundo o Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (Pisa), que mensura o desempenho de alunos, o Brasil ocupa o penúltimo lugar entre 40 países, no que diz respeito à qualidade da educação básica.
Em reportagem da Rádio UFMG Educativa, Eduardo Mórtimer fala sobre essas mudanças vividas pela educação brasileira e seus possíveis impactos no ensino de ciência no país:
Cortes afetam Humanidades
Seguindo a tendência dos últimos anos, o Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC) sofreu um novo corte – desta vez, de 44% – em seu orçamento previsto para este ano. De acordo com Luciano Mendes, professor da Faculdade de Educação (FaE), as Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (CHSSA) são as que mais sofrem com essa queda nos investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação.
Isso ocorre, defende Luciano, em razão de uma espécie de desprestígio de que gozam as CHSSA dentro do campo das ciências, em geral. Ilustra essa ideia o fato de que, em 2014, último ano em que os dados foram disponibilizados, menos de 20% do investimento em bolsas de pós-graduação por parte do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) foram destinados às CHSSA.
Luciano lembra o caráter estratégico das CHSSA, na medida em que, dada a sua qualidade reflexiva, elas são responsáveis por analisar e valorar, por exemplo, as implicações éticas dos avanços alcançados em outras áreas. Nesse sentido, defende o professor da FaE, é preciso que as CHSSA se atentem para o cenário de cortes e para a própria imagem que detêm dentro do âmbito amplo das ciências, de forma a pensar alternativas para combater essa redução de espaço e verba.
Luciano Mendes participa da mesa-redonda A situação atual da Ciência, Tecnologia e Inovação no Brasil e seus Reflexos para as CHSSA, que ocorre durante a 70º da Reunião anual da SBPC, em uma parceria com o Fórum de Ciências Humanas, Sociais e Sociais Aplicadas (FCHSSA), do qual Mendes é coordenador. Em reportagem da Rádio UFMG Educativa, Luciano discute a forma subalterna como essas áreas são tratadas no plano amplo das ciências no Brasil: