Livro trata das relações entre transporte urbano e movimentos sociais
Obra, que será lançada neste sábado, é fruto de trabalho de mestrado no IGC, que aborda os desafios de se construir um sistema controlado pela população
As relações sociais e econômicas envolvidas na necessidade de deslocamento nas cidades brasileiras são cada vez mais complexas, e o transporte urbano revela facetas tanto da produção do espaço quanto das relações capitalistas no Brasil. O livro O ônibus, a cidade e a luta, de André Veloso, mestre em geografia pela UFMG, discute a relação entre transporte urbano, produção do espaço e mobilização popular e trata das características dos principais movimentos populares sobre transportes que marcaram a urbanização brasileira.
A obra, produzida pela Impressões de Minas Editora, será lançada neste sábado, 16, das 13h às 17h, no Agosto Butiquim (Rua Esmeralda, 298, Prado, Belo Horizonte).
André Veloso, que localiza seu estudo em São Paulo e Belo Horizonte, resgata o debate acadêmico sobre transporte público e a questão urbana brasileira e caracteriza a trajetória do setor sob perspectiva marxiana de reprodução ampliada do capital. Ele também analisa os movimentos recentes pelo transporte, com ênfase no Tarifa Zero BH, de 2013 a 2015. O objetivo, segundo o autor, “é contribuir na discussão das perspectivas e desafios da construção de um sistema de transporte urbano verdadeiramente controlado pela população, que possibilite a criação de relações livres e justas na cidade”.
Em texto de orelha para a edição de O ônibus, a cidade e a luta, a professora Rita Velloso, vice-diretora da Escola de Arquitetura da UFMG, classifica o livro como narrativa rigorosa sobre o transporte coletivo urbano no Brasil e afirma que ele “alcança uma reflexão aguda sobre oferta e demanda desse serviço essencial”. Ainda segundo ela, uma das principais qualidades da obra é a discussão sobre a mobilização por políticas urbanas socialmente justas. O autor mostra em detalhes, segundo Rita Velloso, “os modos de organização daqueles grupos sociais que se dispõem à luta, a temporalidade e a repercussão espacial das disputas e, afinal, o horizonte da mudança para um sistema vital aos diversos setores da sociedade – em que não se trata, a rigor, apenas de ser transportado, mas de conceber a própria vida em termos de mobilidade e fluxos”.
O autor
O livro é resultado de dissertação de mestrado intitulada O ônibus, a cidade e a luta: a trajetória capitalista do transporte urbano e as mobilizações populares na produção do espaço, apresentada no Instituto de Geociências da UFMG (IGC), em 2015.
Graduado em Ciências Econômicas, também na UFMG, André Veloso atua na área de planejamento urbano e em áreas ligadas à mobilidade urbana e sua efetivação como direito social. É ativista das lutas ligadas ao transporte há mais de dez anos e participa do Movimento Tarifa Zero BH desde 2013 – foi um dos seus fundadores. Participa de fóruns regionais e municipais de discussão da mobilidade, como o Observatório e o Conselho de Mobilidade Urbana de BH. Juntamente com o Tarifa Zero BH, tem-se aproximado da luta pela ampliação de um sistema de linhas populares de ônibus em vilas e favelas. Atualmente, desenvolve pesquisa de doutorado em Economia sobre a história do transporte coletivo no Brasil.
Durante o evento, que vai integrar a quarta edição da Feira Textura, haverá bate-papo com o autor e com Lúcio Gregori, ex-secretário de Transportes da capital paulista, idealizador da proposta da tarifa zero, destinada a democratizar o acesso ao transporte coletivo.
O ônibus, a cidade e a luta tem 428 páginas e preço de capa de R$ 40.