Oficinas do Festival estimulam hábitos simples e sustentáveis
Receitas naturais e passeio a pé pela cidade resgatam vivências que se contrapõem à turbulência do dia a dia
“Ao nos inspirarmos nas formas orgânicas e fluidas da natureza, transformamos o nosso espaço rígido e quadrado e estimulamos nosso pensamento para que ele seja mais vivo e sensível”, reflete o arquiteto Carlos Solano, especialista em pedagogia Waldorf – metodologia de ensino que estimula a arte e o contato com a natureza desde os primeiros anos da vida escolar.
Durante o Festival de Verão da UFMG, Carlos Solano ministrará a oficina Casa Natural: a arte do cuidado na cultura popular. “O conhecimento precisa ser saboreado, por meio de vivências artísticas, para que consigamos romper a couraça endurecida que hoje prevalece entre os povos ocidentais”, defende o professor.
A atividade, segundo ele, vai proporcionar um resgate do cuidado com as nossas várias ‘casas’: o corpo, o vestuário, a morada, a cidade e o planeta. “O foco será a morada. Assim, a oficina é fundamentada em um receituário de práticas naturais e sustentáveis para a casa, elaborado com base em uma longa pesquisa com pessoas antigas e de hábitos simples – as avós, as raizeiras e o povo simples do interior”, detalha Carlos Solano.
O professor vai ensinar, por exemplo, como fabricar um detergente não poluente, usando vinagre e limão. Os alunos também aprenderão a produzir, entre outras coisas, essências com água e flores para perfumar e "abençoar" a casa. Além de vivências como essas, haverá espaço para conversas e instruções sobre propriedades de plantas e ervas medicinais.
Autor dos livros Casa natural, Casa nossa de cada dia, Nossas árvores e Feng-Shui – arquitetura ambiental, Carlos Solano hospedou-se por longo período na Fundação Findhorn, na Escócia. A ecovila, cujos membros mantêm um estilo de vida baseado no comunitarismo e na partilha, é referência em sustentabilidade, economia local e educação holística.
A oficina será realizada nos dias 13 e 14 de fevereiro, das 13h às 18h, na sala 4 do Conservatório UFMG. Cada participante deverá levar um ramalhete com ervas e flores, além de três frascos de vidro pequenos.
O Conservatório UFMG fica na Avenida Afonso Pena, 1.534.
Passeio a pé
Por causa da rotina atribulada que caracteriza as grandes cidades, é cada vez mais improvável a oportunidade de um passeio a pé pelas ruas de um bairro antigo. O resgate desse hábito é o propósito do coletivo Viva Lagoinha, que vai ministrar a oficina Rolêzinho Lagoinha.
“O passeio convida moradores e turistas da cidade a redescobrir a história e o presente do bairro Lagoinha, que, até a década de 1980, antes da construção do complexo ferrorrodoviário, estava integrada ao centro de Belo Horizonte, com seu comércio agitado, os botequins sempre abertos e cheios”, destaca a ativista Bruna Viana, uma das condutoras do ‘rolêzinho’.
Além dos antiquários da Rua Itapecerica, o trajeto contemplará o contato com moradores antigos. “A intenção é transmitir o olhar de afeto de quem mora ali” ressalta Filipe Thales, também integrante do Viva Lagoinha e mediador do passeio.
A paisagem urbana do bairro Lagoinha era bem diferente há 40 anos. Reduto boêmio, a região abrigava movimentadas pensões, mercados, farmácias e camelôs, além dos cinemas Paissandu e São Geraldo, a Feira de Amostras e a Rádio Inconfidência. O rompimento do eixo centro-bairro com a construção das estações de metrô e de ônibus marcou o início de uma fase de degradação e falta de investimentos na preservação do seu patrimônio.
Rolêzinho Lagoinha terá como ponto de partida o Centro Cultural UFMG, na Avenida Santos Dumont, 174. O passeio começa às 9h dos dias 12 e 14 de fevereiro, com previsão de retorno às 18h. É recomendável trajar roupas confortáveis, portar filtro solar e garrafa com água. Os participantes podem levar o próprio lanche ou almoçar em algum restaurante da região.
Orientações sobre inscrições nas duas oficinas estão disponíveis no hotsite do 13º Festival de Verão.