Professora do ICB atuou no laboratório de Victor Ambros, Nobel de Medicina em 2024
À Rádio UFMG Educativa, Ludmila Camargo falou sobre os microRNAs, descoberta de 1993 que rendeu o prêmio ao cientista e ainda reverbera nos estudos da pesquisadora sobre a doença de Chagas
Na última segunda-feira (7), os pesquisadores estadunidenses Victor Ambros e Gary Ruvkun foram anunciados como vencedores do Prêmio Nobel de Medicina 2024 pela descoberta dos microRNAs e do seu papel na regulação genética, estudos que trouxeram relevantes contribuições para o campo da biologia molecular.
A professora Ludmila Rodrigues Camargo, do Instituto de Ciências Biológicas (ICB), atuou durante dois anos como professora visitante na Universidade de Massachusetts (Umass), no RNA Therapeutics Institute, o mesmo departamento de Victor Ambros.
Em entrevista concedida nesta terça-feira, dia 8, ao programa Conexões, da Rádio UFMG Educativa, Ludmila Camargo falou sobre a importância da descoberta, relacionando a temática dos microRNAs com seu trabalho sobre doença de Chagas, empreendido no Departamento de Morfologia do ICB. "Apesar de os microRNAs terem sido descobertos em 1993, a gente ainda está achando muita coisa nova sobre eles e descrevendo a função desses RNAs pequenos", observou.
A entrevista completa, conduzida pela apresentadora Luiza Glória, está disponível aqui.
Segundo a professora, cerca de 30% dos pacientes de doença de Chagas desenvolvem uma cardiopatia muito grave. Embora existam várias teorias que tentam explicar essa conjuntura, ela ainda é considerada um "enigma" pelos especialistas da área. "Algo que eu sempre me perguntava era: será que o coração do paciente chagásico está produzindo microRNAs de uma forma desregulada?", revelou Ludmila Camargo. Ela é coautora de artigo publicado no ano passado sobre as implicações da desregulação dos microRNAs na doença de Chagas e em outras cardiopatias.
Regulação da atividade genética
Victor Ambros começou, ainda na década de 1980, as investigações inovadoras que chegaram à descoberta, em 1993, dos microRNAs, pequenas moléculas de ácido ribonucleico que regulam a atividade genética e são fundamentais para o desenvolvimento das células. Gary Ruvkun é médico e pesquisador vinculado ao Massachusetts General Hospital e à Harvard Medical School, em Boston. Ele é reconhecido por seu trabalho que revelou o papel dos microRNAs na regulação dos genes e levou ao entendimento de como os genes são ativados e desativados nas células.