Pesquisa e Inovação

Queda do desmatamento e de queimadas evita internações e mortes por doenças respiratórias

Conclusão consta de estudo, desenvolvido no âmbito da Amazônia por pesquisadores da UFMG e da Universidade de Bonn, que acaba de ser publicado na Revista Communications Earth & Environment

As queimadas ilegais na Amazônia causam poluição do ar e geram doenças respiratórias e mortes
As queimadas ilegais na Amazônia causam poluição do ar e geram doenças respiratórias e mortes Foto: Bruno Kelly | Amazônia Real

A associação da conservação da natureza com a saúde da população não é algo incomum de se ouvir. Ecossistemas saudáveis prestam serviços que melhoram a qualidade do clima e proporcionam bem-estar, a exemplo do processo de regulação das chuvas feito pela Floresta Amazônica.

Mais uma evidência da relação entre preservação ambiental e saúde pública acaba de vir a público com o estudo publicado na revista Communications Earth & Environment, nesta sexta-feira, 15, por pesquisadores da UFMG e da Universidade de Bonn, na Alemanha. Eles testaram a hipótese de que o controle do desmatamento beneficia a saúde da população local por meio da redução das fumaças de incêndios florestais. O grupo analisou uma base de dados exclusiva, em escala municipal, referente aos anos de 2003 a 2017.

Os resultados revelam que as políticas específicas para a Amazônia Legal, como a restrição de crédito aos desmatadores e a moratória da soja (acordo em que as empresas signatárias se comprometeram a não comprar soja de fazendas com lavouras resultantes de desmatamentos após 22 de julho de 2008), culminaram na diminuição dos incêndios em 20%, com consequente redução da concentração de partículas de cinzas no ar.

Muito além da questão ambiental
A redução da poluição causada pelos incêndios foi associada a menores taxas de hospitalização e de mortalidade por doenças respiratórias. Houve uma redução de cerca de 18 mil internações por ano, relacionadas ao fogo e à fumaça, e 680 mortes anuais foram evitadas em uma subamostra populacional de 4,12 milhões de pessoas.

Segundo o coautor do estudo, professor Britaldo Soares Filho, pesquisador voluntário no Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG, “esse trabalho deixa explícito que a conservação da Amazônia vai muito além da questão ambiental e deve ser pensada em termos de política pública com impactos em setores-chave para todas as esferas de governo, como a saúde".

Com Assessoria de Comunicação do Centro de Sensoriamento Remoto da UFMG