Sons ancestrais e consciência cultural ecoam na oficina dos Arturos
A oficina Cantando e reinando com os Arturos: os cantos, as danças e os ritmos tem atraído ao campus Pampulha pessoas interessadas no universo da cultura africana, como o clarinetista e professor de artes Luciano Brandão, que pretende fazer um mestrado na área. “Durante o primeiro semestre deste ano, um dos meus professores citou a comunidade. Quando tomei conhecimento desse curso no Festival, percebi que seria uma ótima oportunidade de conhecer mais sobre sua história e tradições”, afirmou.
Luciano é um dos participantes da oficina, que começou na última segunda-feira, dia 18, e traz uma amostra de sons, danças e da cultura dessa comunidade quilombola enraizada no bairro Vera Cruz, em Contagem, e reconhecida em 2014 como patrimônio imaterial do Estado de Minas Gerais. Até sexta-feira, 22, além de fazer ecoar os sons dos tambores, representantes dos Arturos promoverão uma reflexão sobre as raízes e tradições da religiosidade negra no país.
“Consideramos que parte da discriminação vem da falta de conhecimento, por isso fazemos um trabalho de conscientização. As pessoas generalizam as religiões de matriz africana, pegam todas crenças de origem afro e as definem como ‘macumba’ ou ‘feitiçaria”, quando na verdade não é”, afirmou, na tarde de ontem, Jorge dos Santos, capitão da Guarda de Moçambique da comunidade Arturos e um dos ministrantes da oficina.
A comunidade negra dos Arturos descende de Camilo Silvério da Silva que, em meados do século 19, chegou ao Brasil em um navio negreiro proveniente de Angola. Do Rio de Janeiro, Camilo foi enviado a Minas Gerais, onde se radicou em um povoado situado na Mata do Macuco, antigo município de Santa Quitéria, hoje Esmeraldas.
Na sexta-feira, a partir das 16h, um pequeno cortejo que sairá da Escola de Música encerra as atividades da oficina.