UFMG apresenta à ministra Luciana Santos, do MCTI, projeto do Centro Nacional de Vacinas
Ministra também discutiu estratégias de sustentabilidade do CNVacinas e visitou o canteiro de obras da futura sede, no BH-TEC
A ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos, visitou hoje o canteiro de obras do futuro prédio do Centro Nacional de Vacinas (CN Vacinas), no Parque Tecnológico de Belo Horizonte (BH-TEC). Antes, ao lado da reitora Sandra Goulart Almeida, ela assistiu a uma apresentação do trabalho já desenvolvido pelo Centro de Tecnologia de Vacinas (CTVacinas) e participou de conversas preliminares sobre estratégias de sustentabilidade da nova estrutura.
O novo Centro será uma versão expandida e ainda mais qualificada do Centro de Tecnologia em Vacinas (CTVacinas), responsável pela SpiNTec, imunizante contra a covid-19 que caminha para a última fase (fase 3) de desenvolvimento. O CTVacinas, originado do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Vacinas, conta com pesquisadores da UFMG e da Fiocruz Minas.
Os recursos para as obras do CNVacinas foram repassados pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) [R$ 50 milhões] e pelo governo de Minas Gerais (R$ 30 milhões). A previsão é que o prédio esteja concluído até dezembro de 2025. A gestão do projeto é da Fundep, a Fundação de Apoio da UFMG.
Doenças ‘bem brasileiras’
Luciana Santos ressaltou o valor estratégico do CNVacinas. “Este será o maior centro de pesquisa do Brasil na área de imunizantes, fármacos e insumos, e vai focar também na proteção contra doenças bem brasileiras, como a leishmaniose e a dengue, que ainda são um grande desafio para o país”, disse.
A ministra lembrou que o Centro vai interagir com a iniciativa privada, transferindo tecnologia e registrando patentes, o que vai ajudar a garantir o seu pleno funcionamento. “Pretendemos manter um fluxo de investimentos no CNVacinas”, afirmou Luciana Santos, que exaltou o papel da UFMG como produtora de ciência, tecnologia e inovação e defendeu a necessidade de contribuir para a prosperidade do ecossistema de pesquisa em Minas Gerais, que segundo ela é “robusto, arrojado e pujante”.
A reitora Sandra Goulart Almeida informou que outros projetos da UFMG na área de ciência e inovação foram assunto de reunião prévia com a ministra e destacou o peso do CNVacinas no ambiente relacionado à pesquisa e à produção de imunizantes, que conta com instituições como a Fiocruz e o Instituto Butantã. “O momento agora é de construir, ao lado de importantes parceiros como o MCTI e a Finep, um modelo de gestão que assegure o funcionamento pleno e cada vez mais qualificado do CNVacinas”, afirmou a reitora da UFMG, que destacou o estágio avançado da vacina da SpinTec, contra a covid-19, e outros imunizantes desenvolvidos pelo CTVacinas
O diretor de Desenvolvimento Científico e Tecnológico da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), Carlos Aragão, fez parte do grupo que veio à UFMG, assim como outros integrantes do MCTI e da agência. Participaram também, entre outros, o diretor-presidente do BH-TEC, Marco Aurélio Crocco, o deputado federal Rogério Corrêa (PT-MG) e a ex-deputada federal Jô Moraes (PCdoB-MG).
Todas as etapas
O Centro Nacional de Vacinas desenvolverá projetos de inovação nas áreas de imunizantes, de kits diagnósticos e de outros imunobiológicos, com foco na transferência tecnológica para empresas e instituições que atuam no mercado. A intenção é que o centro domine todas as etapas do desenvolvimento desses produtos, incluindo as pesquisas, testes com pacientes até a criação de protótipos. O centro também deve atuar como plataforma para o surgimento de spin-offs dedicadas à comercialização dos produtos desenvolvidos em seus laboratórios. E apoiará grupos de pesquisa, instituições e empresas, por meio da capacitação de profissionais e de prestação de serviços. O objetivo é que o Centro possa se sustentar a longo prazo, por meio de parcerias com a iniciativa privada e com o ecossistema existente no BH-TEC.
O novo centro foi concebido para romper de vez com a tradição do Brasil de importar vacinas e tecnologia nesse campo. “Esse esforço foi iniciado pelo CTVacinas. Ao desenvolver os produtos do início ao fim dos processos, o CNVacinas propiciará autonomia total ao Brasil, evitando que o país viva outra vez o que ocorreu na pandemia de covid-19, quando nos vimos em situação de dependência de instituições e empresas estrangeiras”, afirma o imunologista Ricardo Gazzinelli, professor da UFMG, pesquisador da Fiocruz Minas e coordenador do Comitê Gestor do CTVacinas. Ele explica que a estratégia ser seguida é a de produção de vacinas de segunda e de terceira geração, de proteínas recombinantes, de DNA e de RNA. Gazzinelli revela ainda que, além da SpiNTec, o centro já atingiu estágios avançados do desenvolvimento de imunizantes contra malária e a leishmaniose, entre outros.
Com cinco pavimentos e área de aproximadamente 8.000 metros quadrados, a futura sede do Centro Nacional de Vacinas terá espaços e equipamentos de última geração para pesquisa, prototipagem e controle de qualidade, testes clínicos, plantas de produção segundo boas práticas de fabricação, biotério (onde ficam os animais usados nas pesquisas) e laboratórios de Nível de Biossegurança 3 (NB3), o que confere segurança para o trabalho com patógenos diversos de alto risco para os indivíduos que realizam os estudos. A construção é gerida pela Fundep.
Ainda de acordo com Gazzinelli, o CNVacinas vai continuar e ampliar o trabalho realizado pelo CTVacinas, que conta com 92 profissionais e tem contado com recursos de projetos e editais diversos. Durante a crise da covid-19, o Centro desenvolveu kits de testes diagnósticos que chegaram a ser distribuídos para laboratórios de campanha.