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UFMG participa de iniciativa que visa reduzir filas de consultas com especialistas no SUS

Projeto de teleconsultoria para profissionais da atenção primária é parceria entre o governo federal, o estadual e universidades de Minas Gerais

Sandra Goulart participou do lançamento do projeto, em evento do governo de Minas
Sandra Goulart participou do lançamento do projeto, em evento do governo de Minas Foto: Rafael Mendes | SES-MG

Um dos grandes gargalos do SUS são as consultas com especialistas. Uma iniciativa que une o governo federal, o governo estadual e universidades visa mudar esse cenário.

Lançado ontem (quarta, 10), o projeto Incorporação de teleconsultorias no fluxo assistencial do atendimento especializado no estado de Minas Gerais visa propiciar aos profissionais da Atenção Primária à Saúde dos municípios a oportunidade de discutir casos clínicos com professores das universidades executoras, aprimorando o processo de compartilhamento do cuidado entre os pontos da rede de atenção à saúde. Outros estados que aplicam o sistema conseguiram reduzir em até 70% as filas para consultas de especialidades médicas, segundo a literatura científica.

A iniciativa é financiada pelo Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Informação e Saúde Digital, coordenada pela Secretaria Estadual de Saúde (SES/MG) e executada pelos Núcleos de Telessaúde da Faculdade de Medicina da UFMG, do Hospital das Clínicas da UFMG (HC-UFMG) e do Polo da Fundação Educacional Lucas Machado (Feluma).

'UFMG é 100% SUS'
O projeto foi lançado durante o Tech Day, iniciativa da SES/MG, com o apoio do Ministério da Saúde, que visa promover a integração e o compartilhamento sobre inovações tecnológicas aplicadas à gestão da saúde pública em Minas Gerais.

A reitora Sandra Regina Goulart Almeida, participou do encontro, junto com a secretária de informação e saúde digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, o secretário de saúde de Minas Gerais, Fábio Baccherretti, e o presidente da Feluma, Wagner Ferreira, entre outras autoridades.

Sandra Goulart celebrou a união dos esforços de instituições de ensino com governos das três instâncias. “Sempre que formos chamados, atenderemos às demandas da sociedade. Ficamos muito felizes em poder apoiar as políticas públicas, em especial o SUS, já que nossos hospitais são 100% públicos. Podemos dizer que a UFMG é 100% SUS”, afirmou.

As teleconsultorias serão realizadas por equipe multiprofissional que vai orientar os profissionais da APS e tentar atender às necessidades dos municípios, destacou Sandra. “Temos conhecimento estabelecido na área de saúde e contamos com o Centro de Inteligência Cultural em Saúde. Na prática, vamos transmitir o conhecimento, empoderando os profissionais de saúde para fazer os diagnósticos de forma mais assertiva.”

Abordagem qualificada
As teleconsultas entre profissionais da Atenção Primária em Saúde (APS) e os consultores dos Núcleos de Telessaúde proporcionarão uma abordagem qualificada da necessidade do usuário. “Com isso, espera-se que o projeto aperfeiçoe o compartilhamento do cuidado entre a APS e a atenção ambulatorial especializada, além de integrar os pontos de atenção da rede”, pontuou Christina Nunes, diretora de políticas de Atenção Primária à Saúde da SES-MG.

Para a coordenadora do Núcleo de Telessaúde da Faculdade de Medicina da UFMG, professora Alaneir de Fatima dos Santos, o impacto social será sentido por usuários, profissionais e gestores. “Queremos aumentar a resolutividade da atenção primária. O SUS ganha muito com essa forma de acesso”, comentou.

Em um projeto-piloto, no município de Betim, foi alto o índice de resolutividade das teleconsultorias para geriatria, endocrinologia, reumatologia, pneumologia e hematologia. A fila de espera para primeira consulta nas especialidades caiu de 4.389 usuários para 793 – 1.758 casos foram encaminhados para reavaliação da equipe com apoio das teleconsultorias e mantidos na unidade básica de saúde e outros 1.838 saíram da fila após revisão administrativa.

Macrorregiões
O desenvolvimento do projeto se dará em etapas. Nessa primeira etapa, foram priorizadas oito macrorregiões do estado, com foco na área materno-infantil, e mais tarde o projeto foi estendido para as outras regiões. “Além de acelerar o atendimento, as teleconsultorias vão aprimorar enormemente o atendimento realizado pelos profissionais da atenção básica, pois cada discussão de caso com os professores é um processo de formação profissional”, acrescenta Alaneir dos Santos.

Além da materno-infantil, serão ofertadas as especialidades prioritárias ginecologia, endocrinologia, geriatria, pneumologia, nefrologia, obstetrícia, cardiologia, neurologia dermatologia, ortopedia, mastologia, pediatria, reumatologia, gastroenterologia, urologia e proctologia.

Nessa etapa, serão atendidos 465 municípios, que foram definidos a partir de prioridades sanitárias e indicadores epidemiológicos levantados pela SES-MG. As equipes dos núcleos e do polo de telessaúde dividirão as microrregiões – a Faculdade de Medicina da UFMG ficará com Belo Horizonte, Betim, Diamantina/Itamarandiba, Araçuaí, Serro, Manhuaçu e Viçosa.

Com Assessoria da Faculdade de Medicina da UFMG e Agência Minas