O futuro é logo ali
Capacidade inventiva marca trabalhos que serão apresentados durante a 16ª edição da UFMG Jovem
Controlada por celular, tablet ou qualquer dispositivo wifi, a Casa do futuro é uma habitação em que a abertura do portão, o acionamento de interruptores e do sistema de ar-condicionado e até o enchimento da banheira resultam de processos automatizados. O projeto, desenvolvido por alunos do ensino médio da Central de Ensino e Desenvolvimento Agrário de Florestal (Cedaf), da Universidade Federal de Viçosa, é um dos 54 trabalhos que poderão ser vistos durante a 16ª edição da UFMG Jovem, que será realizada de 12 a 14 de novembro, na Praça de Serviços, campus Pampulha.
Mal foi projetada, a Casa do futuro já prevê melhorias. "O controle das funções, feito por computador ou celular, está sendo adaptado para comando de voz, o que vai favorecer a acessibilidade", afirma o professor Charles Martins, coordenador da iniciativa. Segundo ele, o protótipo, desenvolvido em maquete, já pode ser implantado em um dos ambientes da escola.
Cerca de dois mil visitantes são esperados no evento – feira de ciências que abriga trabalhos do ensino fundamental e médio. Com o tema Luz, ciência e vida, inspirado no fato de 2015 ser o Ano Internacional da Luz, a UFMG Jovem coincide com a Mostra das Profissões, importante aliada no estímulo à escolha consciente do curso universitário.
Os trabalhos em exposição foram realizados por adolescentes de 11 a 17 anos, que tiveram nas escolas o primeiro contato com os métodos científicos e a prática da ciência. Além de Belo Horizonte, os trabalhos vêm de Buritizeiro, Barbacena, Juiz de Fora, Mateus Leme, Sabará, Florestal, Prudente de Morais, Boa Esperança, Lagoa Santa, Sete Lagoas e Contagem. Seus temas sintetizam a capacidade inventiva dos jovens pesquisadores e só pelo título despertam curiosidade: Vagalume e a produção alternativa de energia, Mochila fotovoltaica e O diagnóstico precoce do câncer de pele por meio de um pequeno sinal.
Papel social
O reitor Jaime Ramírez considera o evento como uma forma de a Universidade contribuir para a evolução da educação pública. "Trata-se de relevante papel social acolher esses jovens e estimulá-los a descobrir suas vocações", afirma.
"A ideia é trabalhar com a mobilização dos jovens na busca de soluções inovadoras para problemas locais e no refinamento de um olhar crítico sobre a realidade. Esse olhar promove a contextualização dos conhecimentos escolares e ultrapassa as disciplinas tradicionais de ciências da natureza, pois envolve linguagens, tecnologias sociais, sociologia e filosofia, entre outras disciplinas. É uma oportunidade única de acolher a inovação presente no imaginário dos alunos da educação básica de Minas Gerais", afirma a professora Silvania Nascimento, titular da Diretoria de Divulgação Científica (DDC) e responsável pela coordenação do evento.
Viabilizar meios de estimular o contato do estudante da educação básica com a pesquisa e a ciência também é uma das propostas da feira. Segundo Silvania Nascimento, levantamento realizado nas últimas edições identificou que o evento influenciou na decisão de alunos que já participaram e optaram por cursos universitários em ciência e tecnologia. "A UFMG Jovem é realizada desde 1999, quando foi coordenada pela professora Beatriz Alvarenga, um ícone da Física no Brasil, e a nossa expectativa é aumentar, a cada ano, a adesão dos pesquisadores da UFMG ao evento", afirma.
Para aproximar ainda mais a Universidade do público, o Departamento de Física do Icex manterá abertos à visitação os laboratórios de Cristalografia, Ótica Quântica, Física Biológica, Nano-espectroscopia, Biofotônica e Semicondutores. A Feira pode ser visitada por alunos e professores de instituições de ensino e outros interessados. O agendamento deve ser feito pelo telefone (31) 3409-4427 ou pelo e-mail.
Luz e interação
Outro projeto que será exposto na Feira é coordenado pelo veterano Giezi Américo Reginaldo, que já foi premiado e participa da UFMG Jovem pela quinta vez consecutiva. Professor de física nas escolas estaduais João Rodrigues da Silva, de Prudente de Morais, e Eponina Soares dos Santos, de Sete Lagoas, e no Colégio Unifemm, também de Sete Lagoas, Giezi vem acompanhado, neste ano, de outros professores. Juntos, inscreveram cinco projetos, entre os quais Luz e interação: simulador de Física II, aplicativo virtual para simular situações em que possam ser aplicadas as teorias estudadas. "O simulador de física despertou interesse nos alunos, muito interessados em tecnologia, e, a partir daí, pesquisaram aplicativos relacionados a outras disciplinas e os apresentaram como ferramenta pedagógica aos professores", relata o docente.
Premiação
Os autores dos trabalhos do ensino fundamental serão premiados com kits e bolsas de iniciação científica, enquanto os de ensino médio serão incluídos em programa de mentoria pedagógica, para auxiliar no desenvolvimento dos projetos que contarão com apoio da Inova-UFMG, vinculada à Coordenadoria de Transferência e Inovação Tecnológica (CTIT).
A UFMG Jovem também vai indicar projetos para participação na Ciência Jovem e na Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), dois dos maiores eventos de incentivo à pesquisa do país. Os professores que se destacarem também serão premiados.