Soro Latino-Americano

Reconhecer a arte

Evento na EBA promoveu debates sobre os espaços de criação do artista

O circuito mercadológico e a ânsia dos novos artistas por estabelecer relação com ele incomodam a artista plástica Rosângela Rennó. "Sou de uma geração que começava a trabalhar pelo prazer de trabalhar. Havia poucas galerias, e elas não se interessavam por outra coisa que não pintura. Hoje, sinto que a questão é outra: muitos dos novos artistas têm colocado o mercado de arte como meta, salvação e solução", analisou.

 

A artista, formada em arquitetura pela UFMG, fez a palestra de abertura da terceira edição da Semana do Reconhecimento, promovida nos dias 2 e 3 de dezembro pela Escola de Belas Artes.Ela estabeleceu comparação entre o fazer artístico de hoje e o do fim da década de 1980, quando começou sua carreira. "Naquela época, havia uma grande angústia em relação a como iríamos viver do que estávamos aprendendo e fazíamos. Por outro lado, havia uma liberdade enorme: a gente fazia o que queria, tínhamos liberdade total de criação e produção", afirmou ela, que tem obras nos acervos dos museus de Arte Moderna do Rio de Janeiro e Guggenheim, de New York.

 

Em sua terceira edição, a Semana do Reconhecimento teve como objetivo central o debate sobre o espaço de produção e criação do artista na atualidade. "O nome é uma brincadeira que fazemos com a Semana do Conhecimento da UFMG. A Semana do Reconhecimento é, sobretudo, uma celebração da existência da Escola de Belas Artes na UFMG", disse a diretora da EBA, Bya Braga.

 

"Criamos o evento em 2013 para que pudéssemos nos reconhecer nas múltiplas áreas que hoje compõem a Escola de Belas Artes e também para que pudéssemos criar um contexto de convivência. O ato do convívio é um valor para nós. Por meio dele, conseguimos valorizar nossas diversidades e diferenças, de forma a atuar no mundo de maneira não só plural, mas também para o bem comum", enfatizou a diretora.

 

Durante a Semana, foram realizadas palestras, oficinas, painéis e uma apresentação das ações artísticas realizadas por estudantes da EBA. Algumas das atividades abertas durante o evento ainda podem ser visitadas pelo público. É o caso da exposição Processos e técnicas de conservação e restauração de presépios: a experiência do Pipiripau, instalada na sala teórica do Cecor, na EBA, até o próximo dia 17. Uma exposição de vitrines desse processo ficará aberta ao público de 15 a 18 dezembro.

 

[Versão condensada da matéria publicada no Portal UFMG, seção Notícias da UFMG, no dia 2 de dezembro]